ATA DA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 05.03.1999.
Aos cinco dias do mês de março do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze
minutos, foi realizada a segunda chamada sendo respondida pelos Vereadores
Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clênia
Maranhão, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa,
João Carlos Nedel, João Bosco Vaz, João Dib, João Verle, Maristela Maffei,
Pedro Américo Leal, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Helena Bonumá, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Renato
Guimarães. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Terceira e da Quarta Sessões
Ordinárias. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, os
Pedidos de Informações nºs 15 e 18/99 (Processos nºs 654 e 693/99,
respectivamente); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 08/99 (Processo nº 669/99); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o
Pedido de Informações nº 17/99 (Processo 690/99); pelo Vereador Fernando
Záchia, 03 Pedidos de Providências; pela Vereadora Sônia Santos, 02 Pedidos de
Providências. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal,
deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de
Resolução nº 32/97 (Processo 3176/97). Também, foram apregoados os Ofícios nºs
65 e 84/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando,
respectivamente, o Projeto de Lei do Executivo nº 02/99 (Processo nº 733/99) e
o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/99 (Processo 734/99). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 81/99, do Senhor Raul Pont, Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 03/99, do Vereador José Rangel, Presidente da Câmara
Municipal de Capela de Santana/RS; 13/99, da Vereadora Marlise Pott Wommer,
Presidente da Câmara Municipal de Imigrante/RS; 288/99, da Senhora Vera Lúcia
Martins Vianna, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal. A
seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Décio Schauren, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente
declarado empossada na vereança a Suplente Sonia Saraí, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Após,
concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Ademir Antonio Loureiro,
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, que registrou a preocupação
da entidade que representa com a possibilidade de privatização da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos. Também, posicionou-se contrário à
instalação do sistema de “caixas comunitárias” para entrega de
correspondências. Na ocasião, os Vereadores Elói Guimarães e Antônio Losada,
através de Questão de Ordem, manifestaram-se acerca da Tribuna Popular, tendo o
Vereador Antonio Losada solicitado cópias do pronunciamento do Senhor Ademir
Antonio Loureiro. Às nove horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram
suspensos, nos termos regimentais, sendo reabertos às nove horas e trinta e
sete minutos, constatada a existência de “quorum”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Pedro Américo Leal reportou-se a questões levantadas pela Vereadora
Tereza Franco, durante a Sexta Sessão Ordinária, acerca do tratamento recebido
por Vereadores da Casa de parte do Secretário Municipal da Saúde. Discorreu
sobre as obras de construção do Hospital do Montepio dos Funcionários do
Município, salientando prejuízos que tal obra vem sofrendo com a instalação,
nas proximidades, do Loteamento Protásio Alves. A Vereadora Tereza Franco teceu
considerações sobre o início do período letivo, registrando a falta de vagas
observada nas escolas públicas do Estado. Questionou a atuação do atual Governo
Estadual com relação ao assunto, propugnando por medidas concretas e imediatas
para a solução dos problemas do setor educacional. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 180/98,
discutido pelo Vereador João Dib, e o Projeto de Resolução nº 03/99; em 3ª
Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/98, o Projeto de Lei
do Legislativo nº 176/98, discutido pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Elói
Guimarães, e os Projetos de Lei do Legislativo nºs 181 e 183/98, 01, 02, 05 e
06/99, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell e Clênia Maranhão. Na
ocasião, o Vereador Antônio Hohlfeldt solicitou ao Vereador Juarez Pinheiro que
reexaminasse o final do texto do relatório referente ao Requerimento nº 234/98
(Processo nº 3622/98), tendo o Vereador Juarez Pinheiro declarado que examinará
a solicitação do Vereador Antonio Hohlfeldt. Também foi apregoado Requerimento
da Vereadora Annamaria Gularte, solicitando Licença para Tratamento de Saúde,
no dia de hoje, tendo Senhor Presidente declarado empossado na Vereança o
Suplente Gilberto Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão
de Educação, Cultura e Esportes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac
Ainhorn declarou sempre ter sido favorável à ouvida da comunidade pela
Administração Municipal, defendendo a institucionalização do Orçamento
Participativo, para que seja devidamente regulamentado esse processo de
participação popular. Também analisou os reflexos, sobre a Casa, do Orçamento
Participativo na forma como foi implantado em Porto Alegre. O Vereador Hélio
Corbellini, discorreu sobre Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
15/98, de sua autoria, que institui a Taxa de Utilização da Via ou Passeio
Público no Município, analisando os motivos que o levaram a propor esse Projeto
e os benefícios que o mesmo acarreta para a manutenção de áreas públicas da
Cidade. O Vereador Antonio Hohlfeldt, declarou ocorrer um constante
“desrespeito” do Executivo Municipal com este Legislativo, exemplificando com a
edição do “Atlas Ambiental de Porto Alegre”, onde são registrados termos
constantes do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental, os quais ainda
não foram votadas por esta Câmara e, assim, não podem ser considerados oficiais.
O Vereador Gilberto Batista agradeceu a instalação de semáforo próximo à Escola
Municipal de 1º Grau Liberato Salzano Vieira da Cunha e do Instituto
Educacional Presidente Kennedy. Solicitou maior atenção do Executivo Municipal
na manutenção de praças do Bairro Sarandi, defendendo a construção de um posto
da Brigada Militar na Praça Oliveira Rolim. Ainda, questionou os motivos pelos
quais não foi autorizada a construção de creche para crianças carentes nas
cercanias do Shopping Center Iguatemi. Na oportunidade, o Senhor Presidente
registrou manifestações do Senhor José Fortunati acerca de episódios que
envolveram o Secretário Municipal da Saúde e Vereadores deste Legislativo,
referente a problemas verificados no Posto de Saúde da Vila Safira Velha. O Vereador João Verle, reportando-se
ao pronunciamento do Vereador Pedro Américo Leal, prestou esclarecimentos
acerca do processo de implantação do Loteamento Protásio Alves, nas
proximidades das obras de construção do Hospital do Montepio dos Funcionários Públicos
Municipais, em especial quanto à infra-estrutura do Loteamento referido,
salientando que o mesmo originou-se do reassentamento de ocupantes do
Loteamento Timbaúva. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a
ORDEM DO DIA. Na ocasião, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria do Vereador
João Dib, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97 (Processo nº
1335/97). Também, foi aprovado Requerimento do Vereador João Verle, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, a partir das
doze horas e trinta minutos, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na
vereança o Vereador Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Em Discussão Geral e Votação, foi apregoado
o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, o qual foi discutido
pelos Vereadores Reginaldo Pujol, João Bosco, João Dib, Renato Guimarães,
Fernando Záchia, Elói Guimarães, Pedro Américo Leal, Guilherme Barbosa, Carlos
Alberto Garcia, João Motta e Cláudio Sebenelo. Na oportunidade, os Vereadores
Luiz Braz e Antonio Hohlfeldt cederam seus tempos de discussão para o Vereador
Reginaldo Pujol e o Vereador Cyro Martini cedeu seu tempo de discussão para o
Vereador João Motta. Também, foram registradas as presenças de representantes
do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre e de funcionários da Secretaria
Municipal de Esportes, Recreação e Lazer. Às doze horas e trinta e seis
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Nereu D’Ávila e Adeli Sell e secretariados pelos
Vereadores Adeli Sell, Guilherme Barbosa e Reginaldo Pujol, os dois últimos
como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Décio Schauren solicita licença
para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Décio Schauren e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
O
Sr. Ademir Antonio Loureiro, representando o Sindicato dos Trabalhadores dos
Correios, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. ADEMIR ANTONIO LOUREIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome
Sindicato dos Trabalhadores em Correios, agradecemos este espaço que está sendo
cedido a nossa entidade. Venho colocar para os nobres Vereadores a preocupação
que temos em relação a uma possível privatização da nossa empresa. Temos, aqui,
documentos que estão sendo divulgados pela imprensa de todo o País onde consta
que essa empresa, que hoje goza de um prestígio muito grande no meio da
população, está prestes a ser entregue, como outras estatais foram.
A
nossa maior preocupação, no que diz respeito aos correios, como todos sabem, é
que, provavelmente, esta Empresa será entregue a “preço de banana”, como se
diz.
Nós,
trabalhadores, ao longo do tempo, construímos esta Empresa sólida, com
direcionamento firme, com uma credibilidade até superior a da igreja. E esta é
a nossa preocupação clara que trazemos aos Srs. Vereadores.
Nós,
que vivenciamos a entrega da correspondência, onde o carteiro faz parte do
dia-a-dia da Cidade, temos experiência de outros países que privatizaram os
correios, lamentamos que este Governo queira entregar esta Empresa que, como já
disse, goza da maior credibilidade entre as estatais.
A
nossa maior preocupação é que, no momento em que privatizam as estatais, a
qualidade do serviço, com certeza, cai. Os senhores devem ter acompanhado o
caso da Argentina que, quando os correios foram privatizados, além da
iniciativa privada demitir milhões de trabalhadores, está entre as últimas na
credibilidade.
Enquanto
trabalhadores e Sindicato, a nossa preocupação é que este Governo tem que ver
que esta Empresa nunca deu prejuízo a este País, pelo contrário, todas as
revistas especializadas em economia colocam que os Correios e Telégrafos sempre
tiveram um superávit.
Nós
faremos sessões nas vilas, no Poder Público, na comunidade para mantermos esta
Empresa dirigida pelo Poder Público. A nossa maior preocupação, Srs.
Vereadores, como foi colocado pelo Presidente da Mesa é a questão das caixas
comunitárias.
As
caixas comunitárias não são nada mais nada menos do que a possibilidade de sua
correspondência ser violada. A caixa de correspondência que é colocada lá na
vila não tem acesso direto do destinatário. Ela vai ser manipulada por diversas
pessoas e os nobres Vereadores que, com certeza, mandam correspondência para a
comunidade, essa correspondência não vai ter o sigilo que a carta exige. Não
vamos ter certeza de que ao enviar um carta ela será lida pelo seu
destinatário.
Outra
preocupação que temos, como acontece em capitais grandes como o Rio de Janeiro,
é que dentro da comunidade existe influência até no narcotráfico. O carteiro do
Rio tem que se apresentado para o chefe da favela, um mês antes. Por quê?
Porque lá existe uma clã que comanda a favela e acho que isso é do conhecimento
dos nobres Vereadores. Essa é a nossa preocupação com essas caixas que a
Empresa está colocando nas vilas e que vai prejudicar o acesso individual. Essa
é a nossa maior preocupação, porque isso é um passo para a privatização. Esta é
uma maneira de levar a correspondência e jogá-la dentro de uma caixa onde
diversas pessoas terão acesso a ela, e não vai ter o sigilo, como já
mencionamos.
Gostaríamos
de que os Vereadores desta Casa começassem a discutir essa provável
privatização dos serviços de Correio. Nós, em nome dos trabalhadores do
Sindicato do Rio Grande do Sul e da Federação Nacional dos Trabalhadores de
Correios estamos fazendo, estamos pressionando, em Brasília, para a criação de
uma comissão interparlamentar para começar discutir se é viável ou não a
privatização da nossa Empresa. Esta Empresa está nas principais revistas deste
País, por mais de quinze anos, gozando o prestígio de ser a primeira e melhor
estatal do País. Nós temos que começar a trabalhar isso com a comunidade. Nós
contamos com Vossas Excelências para dar início à discussão dessa questão.
Temos que ver se essa caixa comunitária não é uma privatização branca que está
para acontecer. A nossa Entidade vem aqui pedir para os parlamentares terem uma
posição firme nisso aí, porque não adianta depois que esta empresa for vendida,
como aconteceu com a PETROBRÁS, como aconteceu com outras estatais deste País,
não adianta a gente chorar o leite derramado. E esta é a nossa posição, como
trabalhadores dos Correios, como entidade sindical e, também, como pessoas que
têm se dedicado dentro dessa empresa. Estamos aqui pedindo para os parlamentares
fazerem uma reflexão sobre esta questão da privatização. Muito obrigado
companheiros desta Casa.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, por favor queira tomar assento
à Mesa. Ouvimos a manifestação do Sr. Ademir Antonio Loureiro, no espaço da
Tribuna Popular. Pergunto aos nobres Vereadores se gostariam de utilizar a
Comunicação de Líder, que cabe aos seus Partidos para tratar desse assunto.
Quero lembrar aos Srs. Vereadores que tomamos uma decisão: neste momento podem
falar as Lideranças, mas nós não daremos um tempo para manifestações
individuais, porque não há condições. Muito obrigado.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): A Questão de Ordem se dá nos seguintes
termos. Este Vereador coloca que requererá uma Comissão de acompanhamento e
vigília na defesa dos interesses dos Correios e Telégrafos. Não sei se este é o
momento de requerer. Esta é a Questão de Ordem que faço a V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Sem dúvida, nós pediríamos a V. Exa. que,
depois da manifestação oral, fizesse por escrito, para que haja uma tomada de
posição. Mas, em princípio, creio que não haverá nenhum problema.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exa.
O SR. ANTÔNIO LOSADA (Requerimento): Faço um Requerimento no sentido de que
sejam fornecidos os dados taquigráficos do pronunciamento do Presidente do
Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Sr. Ademir, visto que as informações
trazidas aqui são de grande importância os Vereadores. Um outro assunto que eu
queria mencionar, Sr. Presidente, é sobre a grande publicidade feita pelo
serviço de SEDEX dos Correios. Isso já é uma preparação para a elevação de
custos das correspondências.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vereador. Todos os
pronunciamentos, incluindo a Tribuna Popular, estarão nos terminais dos seus
computadores, nas suas salas, em 48 horas, conforme o serviço de Taquigrafia
desta Casa.
Como
não há nenhum Vereador querendo utilizar a Comunicação de Líder sobre esse
assunto, nós suspendemos os trabalhos para as despedidas dos dirigentes do
Sindicato dos Correios.
(Suspendem-se
os trabalhos às 9h36min.)
O SR. PRESIDENTE (às 9h37min): O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver.
Reginaldo Pujol, na quarta-feira, surpreendeu-me notando que eu estava muito
silencioso, embora a Comissão de Saúde tivesse tido uma desfeita na Vila Safira
por parte de uma enfermeira, eu, na verdade, não dou tanta importância para
isso. O que eu vi na visita que fiz? Vi um quadro dantesco, eu não tinha
absolutamente a noção da grandiosidade do problema. O imóvel que está sendo
construído é um espetáculo, é o Hospital dos Funcionários do Município de Porto
Alegre, repentinamente levantado, para mim foi uma surpresa, porque eu não
estava seguindo as obras, está sendo agredido. E pior de tudo, Senhores do PT,
eu notei que existe alguma coisa, ali, como uma chantagem, uma preparação,
praticamente uma operação montada contra o hospital. E eu não admito isso, como
homem público, que ao lado do hospital, que tem 6 hectares, se levante uma
construção, uma invasão de terra, da Mata Atlântica, de 6 hectares, onde
existem, praticamente, mil e duzentas pessoas e que lançam os seus esgotos
cloacais diretamente, porque a quota é mais elevada, sobre a construção do
hospital. Eu, por uma casualidade, conhecia o Engenheiro, tinha sido meu
Tenente em 1957, o Tenente Simões. Eu o chamei e perguntei: Simões, o que houve
aqui? O que se monta aqui? E ele me confidenciou que há um plano do PT. Eu
quero alertá-los de que em política isso não se faz. Se querem ameaçar a
construção do hospital, não façam assim ardilosamente, de uma maneira sutil
para envolver e impedir, através de uma manobra fortuita e nefasta, uma
construção que é do funcionário público. Não admito isso! Em política nunca
admiti isso! Senhores do PT, por favor, V. Exas. que pertencem a esta Bancada,
alertem o Município para que desistam dessa operação. As latrinas são
construídas no limite entre uma propriedade e outra. E eu vi com os meus
próprios olhos e isso me revoltou e me intimidou, ao ponto de quarta-feira eu
não dizer uma palavra nem sobre, praticamente, a desfeita que vivemos na Vila
Safira, que para mim tem significação menor do que essa manobra sórdida.
Senhores, não se faz isso em política. Eu, como militar notei que ali há uma
manobra sórdida, ali está implantado, repentinamente, uma gleba, um número de
habitantes fortuitos que repentinamente apareceram por lá e foram se aninhando
ali, a esmo, e que hoje constróem as suas latrinas nos limites, lançando o
esgoto cloacal diante e contra todo o sistema que fica em quota menor da
construção do hospital. Está contaminando tudo. As estacas estão tendo
prejuízo. Os engenheiros, o Engenheiro Dib e outro Engenheiro que tem aqui
sabem o que representa isso. Isso não se faz! Meus Senhores, isso não se faz!
Eu não tenho dúvidas de que há uma manobra, se eu tivesse uma dúvida eu não
teria vindo à tribuna. Eu não tenho dúvida nenhuma. Eu consultei o Tenente
Simões. Eu disse: Simões diga, confesse o que há. E ele me confessou que estão
todos intimidados, estão todos contidos diante dessa invasão que a Prefeitura
possibilitou de 1200 homens e mulheres que não fazem nada, só atrapalham, por
que construíram isso? Por quê? Digam-me os Senhores do PT, por quê? Os Senhores
do PT têm de falar! Ver. Guilherme Barbosa, eu quero uma razão, se o Senhor
tiver uma razão para aquela invasão ali do lado, eu silencio. Mas até agora eu
estou desiludido. Nós não podemos permitir isso, Vereador. V. Exa. é um homem
de bem, e em política não se permite isso, aliás, não se permite isso nem no
banditismo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco está com a palavra
em Comunicação de Líder.
A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todo
mundo tem acompanhado pelos meios de comunicações, particularmente, a Rádio
Farroupilha, a luta diária dos pais pela procura de vagas para seus filhos nas
escolas públicas. São filas intermináveis, negativas de vagas e desespero
desses pais, que estão vendo seus filhos ficando sem escola. Vocês sabem,
melhor do que eu, que se um pai não matricula seu filho numa escola, poderá ser
responsabilizado, até criminalmente, por esta falta. Mas como fazer, se os
responsáveis pelas vagas são o Estado, o Município. Como é que pode estar
acontecendo isto agora?
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Nobre Vera. Tereza Franco, solicito só
um segundo. Eu pediria aos Srs. Vereadores para não fazerem reuniões no recinto
do Plenário, porque atrapalham, sem dúvida nenhuma, a intervenção dos
Vereadores no Plenário. Obrigado.
A SRA. TEREZA FRANCO: Quando o PT estava na oposição, era o
maior crítico do Governador Collares, por causa do calendário rotativo. Alegava
que existiam vagas, e o calendário rotativo não era necessário. Crucificaram a
Professora Neuza Canabarro pela aplicação desta medida, fizeram paralisação,
sinetaço, greves intermináveis, afirmando que não precisavam do calendário
rotativo, mas as crianças estavam nas escolas. Havia até o CIEMS, o que era
muito bom para as crianças pobres. Terminam também com isso. E o que se vê
agora? É o desespero dos pais, a tristeza das crianças, sem que se tenha uma
explicação decente.
Só
se vê hoje é a Secretária Lúcia Camini, o Governador e o Prefeito, culpando os
governos passados; somente desculpas, sem que nada seja feito. Eu pergunto:
será que a atual Secretária de Educação não sabia que em março as crianças
precisam de aulas? Será que vão ficar governando quatro anos culpando os outros
governos? Chega de desculpas!
É
um desrespeito o que estão fazendo com esses pais e essas crianças!
Professora
Lúcia Camini, a Secretaria de Educação é a Senhora! Sr. Olívio Dutra, o
Governador é o Senhor! O PT tem que resolver! Chega de culpar os outros! Os
pais votaram no Olívio para melhorar, e não para piorar as coisas! Chega de
desculpas furadas!
As
crianças não podem ser penalizadas pelo Collares, pelo Britto, pelo PT, enfim
por essas brigas. Elas precisam de educação, comida e saúde. Os Conselhos
Tutelares e o Ministério Público deveriam entrar na Justiça exigindo do
Governador a aplicação da lei que garante vaga nas escolas públicas, para que
nenhum pai seja responsabilizado pela falta de vagas.
Já
que PT e PDT estão coligados, acho que o Governador Olívio Dutra deveria
convidar a professora Neuza Canabarro, o Collares, o Brizola para auxiliarem na
resolução desse problema. E eles têm muita experiência nisso. A professora
Neuza poderia mostrar qual o fermento que ela usou no bolo para que não
faltassem vagas. Assim, não usariam as crianças como desculpa! Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA
2ª SESSÃO
PROC.
3457/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 180/98, de autoria do Ver. Décio Schauren, que
altera a denominação da Rua Darcy Pereira Pozzy para Rua Chapéu do Sol, no
Bairro Belém Novo.
PROC.
285/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 3/99,
de autoria da Mesa Diretora, que inclui a classe de Auxiliar de Serviços
Médicos nas disposições do art. 47 da Lei nº 5811, de 08 de dezembro de 1986, e
alterações posteriores.
3ª SESSÃO
PROC.
2394/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini,
que institui a Taxa de Utilização da Via ou Passeio Público no Município de
Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
3420/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 176/98, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que
autoriza os permissionários do serviço de transporte público de passageiros
individuais (táxi), que instalarem em seus veículos “aparelho/sistema de ar
condicionado”, a marcação de bandeira dois ou três, nos horários que
especifica, desde que haja solicitação, de forma expressa, por parte do
passageiro, de acionamento do equipamento.
PROC.
3497/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 181/98, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa,
que denomina Rua Cristina Castello um logradouro irregular localizado no Bairro
Cavalhada.
PROC.
3517/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 183/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Monsenhor Roncato um logradouro público localizado no Bairro
Jardim Itu-Sabará.
PROC.
136/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 001/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Ivo Alexandre Rizzo um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC.
337/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Professora Zilah Totta um logradouro irregular localizado no
Bairro Protásio Alves.
PROC.
536/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Abram Goldztein um logradouro público localizado no Bairro
Jardim Carvalho.
PROC.
554/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
dispõe sobre o uso dos espaços publicitários nos ônibus da Companhia Carris
Porto-Alegrense para campanha educativa contra a violência à mulher.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na Pauta
de hoje, dentre outros Projetos, em 3ª Sessão nós temos o Projeto do Ver.
Juarez Pinheiro, que autoriza os permissionários do serviço de transporte
público de passageiros individuais, ou seja, os táxis, a instalarem, em seus
veículos, aparelho de ar-condicionado, a marcação de bandeira 2 ou 3 nos
horários que especifica, desde que haja solicitação de forma expressa, por
parte do passageiro, de acionamento do equipamento.
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, por certo, a intenção do Ver. Juarez Pinheiro
pode ter sido a melhor possível em relação a esse processo, mas tenho certeza
que o resultado, em relação ao passageiro de táxi, será o pior possível.
Eu
quero recuperar um pouco da memória em relação à história do táxi em Porto
Alegre. Não é por um acaso que existem dois tipos fundamentais de táxis na
cidade de Porto Alegre, como de resto, Ver. Elói Guimarães que já foi
Secretário Municipal de Transportes, ocorre isso também nas demais capitais.
Nós temos o táxi comum, o “laranjinha”, e o chamado táxi especial. O táxi
especial é um veículo de melhor qualidade e, portanto, de maior custo e, dentre
às várias exigências, o táxi especial deve ter, obrigatoriamente, ar
condicionado.
Lembro-me,
Ver. Elói Guimarães, quando assumi a Secretaria em 1989, um dos desafios que
nós enfrentamos, sobretudo com os táxis do aeroporto, que concentram, na
verdade, o táxi especial, acontece que o motorista tinha o ar condicionado em
seu veículo, que era obrigado a ter, apanhava o passageiro e, ou não ligava o
aparelho, apesar de necessário, ou ligava apenas na hora da saída do veículo.
Ora, como o veículo estava estacionado ao sol, o passageiro pegava um carro
hiper quente, levava, no mínimo, uns cinco minutos até o aparelho de
ar-condicionado poder recuperar a temperatura interna do veículo e no tempo de
cinco a sete minutos, muitos dos passageiros já estão chegando ao seu destino,
ou seja, pagavam mais e não levavam nada.
A
situação do táxi comum, agora, ser autorizado a colocar aparelho de
ar-condicionado, parece-me que inverte o reflexo. Nós teremos o risco, muitas
vezes, de o motorista ligar o ar-condicionado para o seu próprio uso, que,
aliás, eu acho absolutamente normal e justificado, pois melhora a sua qualidade
de trabalho, seu humor, a sua atenção em relação ao trânsito, mas depois vai
incluir, automaticamente, isso no preço a ser pago pelo passageiro. E como é
que o passageiro vai poder discutir com o motorista que não pediu e, por isso,
vamos ter uma série de pendengas que vão acabar sempre parando na área de
fiscalização da Prefeitura.
Observem
a contradição do Ver. Juarez Pinheiro. De certa maneira, nós votamos, aqui, na
quarta-feira, um projeto de S. Exa., ao qual encaminhei favoravelmente e
elogiei, obrigando os bancos a
colocarem tabela de preços. Um dos motivos pelos quais eu votei favoravelmente
ao Projeto é pelo fato de que, já que a competição é livre, interessará aos
bancos ter tabela de preços exposta, porque os usuários vão escolher o banco
que vai fazer os seus serviços, pagando menos.
Agora,
vejam que contradição, o mesmo Vereador que fica nessa base, reconhece e
valoriza a competição, faz o contrário em relação ao táxi. Não considera que o
motorista de táxi terá interesse na própria competição com outros companheiros,
para apanhar passageiros, de ter o aparelho para prestar o melhor serviço.
V.
Exas. sabem que, a partir do momento em que os táxis-lotações começaram a
implantar o sistema de ar condicionado nos seus veículos, aumentou a freguesia.
As linhas da Zona Sul que estão sem ar condicionado como: Otto Niemeyer,
Cavalhada, que são grupos de táxi-lotação que sempre tiveram problemas, são
permissionários que não sabem investir nos serviços para levar, depois, o seu
lucro, estão perdendo passageiros, sobretudo, porque começam a entrar também os
ônibus com ar condicionado.
Então,
é uma aberração o Projeto que a própria Prefeitura faz, que a Secretaria
Municipal de Transportes faz, de melhorar a qualidade dos serviços com ar
condicionado e pagar mais, pois nem os táxi-lotação, nem os ônibus previram
tarifa diferenciada para esse serviço.
E
agora nós vamos colocar tarifa diferenciada no táxi comum, só porque ele tem um
aparelho de ar condicionado? Isso é absolutamente absurdo, do ponto de vista do
interesse do passageiro da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta
Casa, em 98, por meio de um Projeto de Lei proposto por este Vereador, aprovou
a denominação de Darci Pereira Pozzi a um logradouro público conhecido como
Beco Chapéu do Sol. No momento da apresentação do Projeto de Lei, foi trazido,
na forma do que preceitua a própria lei municipal, um abaixo-assinado pedindo
que houvesse a troca do nome.
É
estranho que, agora, um Projeto de autoria do Ver. Décio Schauren pretenda
tornar sem efeito o Projeto anterior, de minha autoria, para fazer retornar,
àquele logradouro, o nome Beco Chapéu do Sol.
Todos
conhecem a Zona Sul e sabem que havia o Beco Chapéu do Sol, hoje Rua Darci
Pereira Pozzi - com as placas nos devidos lugares, cadastrada no DMAE, no
Correio, em todas as repartições onde há interesse pelo nome da rua - e há a
Estrada Chapéu do Sol. A proposição feita por este Vereador sanou um problema
de “igualidade”.
Agora
o Ver. Décio Schauren quer que se volte àquele estágio de dúvidas, de
incertezas, por não se saber quando “Chapéu do Sol” está-se referindo ao beco
ou à estrada.
A
Estrada Chapéu do Sol está lá, muito maior do que o antigo Beco Chapéu do Sol,
hoje Rua Darci Pereira Pozzi.
Eu
pretendo que a sensibilidade dos Srs. Vereadores não permita que esse Projeto
de Lei do Ver. Décio Schauren prospere. Não há por que criarmos mais prejuízos
para a Cidade, quando os Correios, o DMAE, a CEEE e outras entidades têm
interesse no nome certo da rua.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero indagar a V. Exa., que foi o autor do nome original da rua,
se para a inauguração, em algum momento, a comunidade desse tradicional Beco, que
depois se transformou em rua, foi consultada. Se já está implantada há muitos
anos essa designação, de que época foi o Projeto?
O SR. JOÃO DIB: O Projeto do nome Darci Pereira Pozzi foi
aprovado no ano passado, quando também foram colocadas as placas. O Projeto de
Lei foi acompanhado de um extenso abaixo-assinado, com o número dos documentos
de identidade, com mais de uma centena de assinaturas, solicitando a troca de
nome, até porque há o interesse até fora do Beco Chapéu do Sol, como era
chamado, pois ali há um comércio que se liga a toda a Cidade. Não vejo razão
para a troca de nome e acredito que a sensibilidade dos Vereadores não
permitirá que isso ocorra.
Quero
saudar o Ver. João Carlos Nedel pelo seu Projeto de Lei, dando o nome de
Monsenhor Roberto Roncatto a uma rua. Essa figura extraordinária fez muito pela
comunidade da Zona Norte, na área da Av. Baltazar de Oliveira Garcia, inclusive
trabalhando para que, numa forma participativa, muitos eventos bons
acontecessem, como a pavimentação de ruas, ampliação de escolas e para que as
autoridades conhecessem o sofrimento daquela comunidade. Outras coisas boas
também aconteceram, como a pavimentação da Av. Baltazar de Oliveira Garcia, em
1963, pelo Prefeito Loureiro da Silva, e a sua duplicação e iluminação, pelo
Prefeito João Dib, em 1983. Deve-se muito ao trabalho permanente do Monsenhor
Roberto Roncatto. Saúde e Paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, Senhoras e Senhores, falo de um modo especial, neste espaço de
Pauta, às nobres colegas Vereadoras, às Senhoras que se encontram no Plenário e
que nos assistem neste momento. Eu tenho a alegria de ter recebido na Sessão
passada uma série de apoios de vários Vereadores acerca de um simples Projeto
de Lei que apresento, para que os espaços publicitário dos ônibus da Companhia
Carris sirvam de publicidade para uma campanha contra a violência em relação à
mulher. Eu sugeria, no meu Projeto, que essa campanha se processasse quinze
dias antes do dia Internacional da Mulher, mas fui convencido pela minha colega
de Bancada, Vera. Helena Bonumá, a trocar essa data para o dia vinte cinco de
novembro, que é o dia de combate, de luta que as mulheres travam contra a
violência em relação à mulher. Portanto, eu já aceito de pronto a Emenda que a
Vereadora protocolará, sobre a mudança da data. Esse Projeto que apresento tem
como finalidade levar adiante uma grande luta que todos devemos levar na
sociedade, mulheres e homens, inclusive os homens, Ver. Pedro Américo Leal, de
um modo especial, porque esta é uma sociedade muito violenta, nas ruas e
intramuros. E, infelizmente isso tem vindo de há muito e muito tempo. Quem assistiu
ontem à noite ao capítulo da minissérie “Chiquinha Gonzaga”, viu que uma das
personagens apresentava um olho roxo, negando para aquela grande batalhadora
das causa das mulheres que foi Chiquinha Gonzaga, que tivesse apanhado do
marido. No entanto, depois de várias insistência ela confessa que, sim, foi
agredida pelo marido, ou seja, é a agressão familiar, a agressão intramuros.
Ainda hoje, infelizmente, as mulheres, no final do século, quase no início do
novo milênio, sofrem agressões em casa. Isso é inaceitável, em qualquer
momento, ainda mais nos dias de hoje e, por isso, nós acreditamos que nos
ônibus da Carris, que são ônibus da municipalidade, possamos utilizá-los,
durante uma quinzena, para uma campanha efetiva contra a violência às mulheres.
Isso não acarretará nenhum gasto a mais à municipalidade, porque eles são
sistematicamente utilizados para outras campanhas. Essa situação é muito grave,
minhas caras colegas Vereadoras, V. Exas. sabem muito bem, pois têm um contato
com a nossa Cidade, que não se trata somente da periferia da Cidade, Vera.
Sonia Saraí, essa é uma questão que atinge a todas as classes sociais.
Portanto, nós devemos levar um combate sem tréguas, um combate muito grande
contra a violência à mulher. Eu quero lembrar às conselheiras tutelares, que se
preocupam com a infância e adolescência, que, muitas vezes, são meninas, jovens
adolescentes, violentadas e agredidas por seus pais, parentes, padrastos. Por
isso, propusemos este Projeto de Lei e gostaríamos de contar com o apoio de
todos os nobres Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
tendo em vista que a Mesa terá, no final da manhã, uma reunião para tratar
exatamente sobre o encaminhamento do Processo nº 3612 - aproveitando que o
Vereador chegou à Casa, pois o envolve -, a minha Questão de Ordem se refere
diretamente ao Parecer ao Relatório do Ver. Juarez Pinheiro. Em primeiro lugar,
eu peço que o Ver. Juarez Pinheiro reexamine a conclusão do Relatório, porque
ele concluiu dizendo que “a representação do Ver. Antonio Hohlfeldt é
procedente”, ou seja, a leitura taxativa desse texto significa que teria uma
representação contra a Vereadora, quando os termos da representação expostos
nas folhas 1 e 2 é exatamente diverso. Na representação, eu peço que se
procedam a averiguações. Não é nenhuma acusação a ninguém, ao contrário, houve
até uma tentativa da defesa da Vereadora desta Casa, da Bancada, e assim por
diante. Nos termos da redação proposta pela conclusão, parece que houve uma
representação de acusação. Eu não gosto de correr risco, de ser taxado como
dedo-duro, sobretudo com uma companheira de Bancada, independente do mérito do
que se venha a discutir. Então, eu quero requerer, Sr. Presidente, respeitosamente,
ao Vereador, e sei que foi uma tarefa dura, do domingo para a segunda-feira, do
cansaço da madrugada, que, sem mexer no conteúdo, o Vereador pudesse, na medida
do possível, revisar a redação, e eu me disponho a discutir isso com ele,
particularmente, para que fique claro que a representação pedia averiguações.
Portanto, a representação não é no sentido de ser procedente ou não.
A
segunda questão, que é de menor importância, mas em respeito ao mandato de
Vereador deve ser corrigido, é para que seja corrigida a grafia do meu nome na
última página, porque é o pouco que me sobrou e gostaria que fosse mantido no
original.
O SR. PRESIDENTE: Quanto ao nome de V. Exa. é absolutamente
pertinente, porque ele deve ser corretamente escrito.
Quanto
ao primeiro item, vou fornecer a palavra ao Ver. Juarez Pinheiro, porque é da
sua lavra e responsabilidade o Relatório. Não desejo fazer comentários sobre
aquilo que não escrevi.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não faço críticas ao Ver. Juarez
Pinheiro. Apenas faço uma reivindicação para que o relatório seja fiel aos
termos da minha representação, porque isto será reproduzido na mídia. Jamais
fizemos uma representação contra a Vereadora. Como envolve este Vereador,
gostaria que se mantivesse absoluta fidelidade aos termos da representação, até
porque esta é a história da Casa e a minha própria história parlamentar.
O SR. PRESIDENTE: Teria pessoalmente colocações para fazer
em relação a isto. Mas, vou-me eximir e, como o Vereador Relator está presente
em Plenário, pediria a ele que, por obséquio, respondesse.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. e Sras. Vereadores:
por óbvio não posso estabelecer um diálogo com o Vereador, em Questão de Ordem.
Tenho que me dirigir à Mesa. Apenas para dar uma explicação, quero fazer uma preliminar
e ressaltar que a postura do Ver. Antonio Hohlfeldt, durante o processo que
envolvia uma parlamentar de sua Bancada, e ele, ao menos na relação que teve
com este Relator, sempre procedeu com a qualidade que o momento exigia para
preservar inclusive a imagem da Câmara. Ele se dispôs a fazer o seu depoimento,
mesmo quando este Relator entendeu de transferi-lo, de sexta-feira para
domingo, comparecendo nesta Casa, às 21h. Ressalto esse fato para demonstrar
que isso demonstrou a disposição do Vereador em colaborar para que os
procedimentos e os atos processuais ocorressem da melhor forma possível.
Quanto
à grafia, Ver. Antonio Hohlfeldt, quero dizer que trabalhamos de forma
ininterrupta, depois do seu depoimento, das 22h de domingo até aproximadamente
9h45min de segunda-feira, e a funcionária Rose, que estava secretariando os
trabalhos, teve de descansar em alguns momentos, inclusive não foi ela que fez
a digitação dessa última parte dos trabalhos. O nome do Ver. Antonio Hohlfeldt,
em 99,9% dos casos, estava escrito com a grafia correta. Nós já corrigimos os
erros quanto à grafia do nome do Ver. Antonio Hohlfeldt. Jamais tivemos a
intenção de colocar o nome do Vereador Antonio Hohlfeldt de forma incorreta.
Quanto
à primeira parte, prefiro receber a questão levantada pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt e examinar com mais cautela, para que não tenhamos nenhum problema de
ordem jurídica, de como os atos processuais tenham de ocorrer, mas de qualquer
forma, havendo a possibilidade, eu tenho a maior boa vontade, mas prefiro
examinar a questão para depois me posicionar.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Annamaria Gularte solicita
licença para tratamento de assuntos particulares no dia 05.03.99.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença da Vera. Annamaria Gularte e dada posse
ao Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. A Ver.
Clênia Maranhão está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Senhor Presidente e Srs. Vereadores,
apesar de vários Vereadores já terem discutido o Projeto do Ver. Adeli Sell,
que regulamenta o uso dos espaços dos ônibus na quinzena que antecipa oito de
março, dedicando esse espaço à campanha educativa contra a violência às
mulheres, resolvi usar a tribuna, porque considero esse Projeto uma medida
extremamente simples, mas de grande alcance, porque, sendo colocado dentro dos
ônibus, permite a visualização pela maior parte da população, que são os
usuários dos transportes coletivos.
Quando
a sociedade decide definir uma data marcando-a com uma referência, como é o
caso do oito de março, “Dia Internacional da Mulher”, há uma mobilização, uma
sensibilização, uma divulgação através da mídia dessa data.
Portanto,
é fundamental que aproveitemos todos os espaços públicos, institucionais e organizacionais
para que possamos efetivamente mostrar para a sociedade uma realidade que,
infelizmente, ainda é presente na vida de muitas mulheres, mesmo no final do
século XX.
Se
acompanharmos os processo das delegacias especializadas contra a violência em
relação às mulheres, vamos constatar que esta violência, que se chama
normalmente de violência doméstica, é uma realidade não apenas freqüente em uma
classe social, mas em todas as classes sociais. Nós vamos perceber que esta
violência, que acontece no âmbito doméstico e que, por isso, é tão difícil de
ser divulgada, acontece com uma freqüência quase inacreditável.
Eu
acho que, quando se aproxima o 8 de março, é o momento de nós levantarmos todas
as realidades que fazem parte do cotidiano das mulheres, sejam coisas
positivas, como as conquistas que as mulheres têm obtido no campo do trabalho,
no campo do comportamento, no campo político, em geral, em todas as áreas que
envolvem a participação do contingente feminino. Também é importante que, nesta
data, se possa ocupar os espaços para falar das enormes dificuldades que ainda
acontecem na vida da grande parcela da população, principalmente da população
feminina de baixa renda, que não tem condições econômicas de usar as estruturas
particulares, como escritórios de advocacia para fazer a sua defesa. Então, eu
acho que o projeto do Ver. Adeli Sell se preocupa com a questão que é real e
que é extremamente difícil de ser assumida pela sociedade como uma realidade,
que é a violência que acontece com relação às mulheres.
Uma
iniciativa do poder público, que é o poder concedente em relação às empresas de
ônibus, de colocar uma campanha educativa em relação às mulheres se contrapõe a
um comportamento, infelizmente ainda vigente, em uma sociedade patriarcal que
tem dificuldade de reconhecer os direitos humanos, que são os direitos das
mulheres, os direitos de cidadania, que tem que ser o direito de todos.
Eu
acredito que é um Projeto meritório, trabalha com a questão do comportamento,
traz à tona uma realidade que afeta os direitos humanos, que afeta os direitos
das mulheres e que, seguramente, envergonha a sociedade, não apenas as
mulheres.
Eu
quero parabenizar o Vereador por esta iniciativa e dizer que o Projeto pode
inspirar outros projetos na ocupação de outros espaços públicos, nas campanhas
educativas, contra a violência em relação às mulheres. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaríamos de trazer à tribuna desta Casa um assunto que há muitos anos
debatemos na cidade de Porto Alegre e que envolve a questão do Orçamento
Participativo. Gostaríamos de realçar e ressaltar da tribuna desta Casa que
sempre tivemos uma posição favorável à ouvida da comunidade, da sociedade e o
mecanismo aperfeiçoado pela Administração Municipal do PT de ouvida da
comunidade através da organização em microrregiões e do Orçamento
Participativo. Sempre vimos como um passo importante na busca da representação
e da chamada democracia participativa. No entanto, há muitos anos, lutamos na
cidade de Porto Alegre pela institucionalização do Orçamento Participativo, ou
seja, que o Orçamento Participativo seja implantado na cidade de Porto Alegre
através de uma lei municipal que regule, em todos os seus aspectos, o
funcionamento do Orçamento Participativo. Aqui, na Câmara Municipal, vamos
enfrentar essa discussão, para não se conflitar com o importante trabalho do
Orçamento Participativo, pois deve haver uma integração com o processo de
encaminhamento das propostas através do Orçamento Participativo. Então, a
coordenação é da sociedade, dos delegados, dos conselheiros do Orçamento
Participativo, ungidos nas reuniões lá da base e de como se processa a sua
coordenação. Hoje, é da Secretaria do Governo Municipal. Então, não se diga que
são os conselheiros do Orçamento Participativo que participam do processo de
direção do conselho propriamente dito porque toda a estrutura é coordenada
através da Secretaria do Governo Municipal.
Nós
entendemos que a Câmara Municipal, através de uma estrutura de lei, deve também
participar desse processo e quem sabe através da sua Comissão de Finanças e
Orçamento, fiscalizar a própria execução das ações do Orçamento Participativo.
Essas
são questões que já afloraram à Casa, foram debatidas e, no entanto, elas não
têm um desenlace favorável. No Estado do Rio Grande do Sul, através de uma lei
estadual, foi implantada a estrutura do Orçamento Participativo. Nós achamos
que toda aquela idéia positiva e boa deve ser implementada, independentemente
de quem a propôs. Mas o que observamos, no âmbito do Estado, e com uma certa
preocupação manifestamos isso, é que está sendo implantada uma estrutura de
Orçamento Participativo no Estado do Rio Grande do Sul paralela à estrutura da
Lei Estadual que criou o Orçamento Participativo propriamente dito, que são os
Conselhos Regionais de Desenvolvimento. Isso é uma questão que nos preocupa
enormemente, porque o que se ouve, as manifestações de estudiosos, sociólogos
aprofundando-se na questão do Orçamento Participativo e observações de
jornalistas, - recentemente saiu uma ampla matéria na Zero Hora, - são de que a
Câmara Municipal está esvaziada nas suas ações pela ação do Conselho do Orçamento
Participativo, na forma como está implantado, e eu acho que devemos assumir
essa discussão plenamente na cidade de Porto Alegre, não para acabar com o
Orçamento Participativo, como querem alguns, que temem a manifestação das bases
e as reivindicações organizadas da sociedade, mas, sim, para que este
instrumento seja um instrumento efetivo de garantia das reivindicações da
cidadania. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir a Pauta. O próximo inscrito é o Ver. Elói Guimarães, que
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O
Projeto que chama a atenção deste Vereador é de autoria do Ver. Juarez
Pinheiro, e eu até colocaria que tenho uma luta em torno dos interesses
legítimos dos taxistas da Cidade de Porto Alegre: a qualificação da atividade,
um tratamento remuneratório compatível com a relevância do serviço de utilidade
pública que prestam. Nesse sentido, temos algumas leis.
Este
Projeto merece uma discussão mais aprofundada. Acredito que todos esses
equipamentos que qualificam a prestação do serviço como, no caso, o ar
condicionado, estão integrados dentro própria natureza do equipamento. O ar
condicionado não pode-se constituir num plus,
não pode-se constituir num diferencial, ele deve estar dentro da qualificação
da prestação do serviço através do táxi.
Então, quero antecipar a minha contrariedade ao Projeto que estabelece a bandeira dois quando ligado o ar condicionado, no táxi. Eu acho que esse equipamento deve estar dentro daquela faixa até de competitividade, como outras características também. Quando o taxista apresenta o seu carro em ótimas condições, um carro novo, limpo, ele por isso não pode estabelecer uma tarifa maior. Eu sou insuspeito, porque tenho defendido uma melhor remuneração para o sistema. Eu acho que é uma atividade extremamente importante, do interesse da comunidade, do interesse do passageiro. O taxista não tem dia e não tem hora. Em determinadas ele é até uma espécie de guardião do cidadão que tem necessidade de se deslocar de um ponto ou outro da Cidade. É um serviço seguro. O taxista de Porto Alegre, dito aí por tantos que conhecem o sistema no Brasil, é um dos melhores; o taxista em Porto Alegre é um grande relações-públicas, ele se presta a informar, a indicar. Há um alto espírito de compreensão para dentro da atividade. Tenho dito que é comum ver-se uma pessoa caída e carros particulares passarem e ninguém atende. O taxista pára, pega a pessoa que está necessitando de socorro, leva ao Pronto-Socorro. Neste sentido até uma Lei se fez para fazer com que, quando o carro ficar sujo de sangue, etc. e tal, o taxista tenha um tratamento especial. Então, é um servidor, é um trabalhador, é um prestador de serviço da comunidade, que merece todo o nosso respeito, toda a nossa atenção. Eu tenho defendido esta categoria, tanto é verdade que há um Projeto, que foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal, que quer dar um pouquinho de dignidade ao taxista, que são as casinhas, as cabinas, onde se instalariam ali água, sanitário, enfim, o mínimo de equipamento para aquele homem que tem na rua a sua atividade. Então, deixo aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, as minhas dificuldades com o Projeto que visa estabelecer a bandeira dois quando o táxi tiver ar condicionado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de Pauta.
O
Ver. Hélio Corbellini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estou
ocupando o período de Liderança do PSB, mas vou falar sobre a Pauta. Hoje o
movimento no centro da Cidade atrasou-nos e não conseguimos chegar a tempo para
nos inscrever. Ver. João Dib, eu gostaria de falar sobre a Lei do Poste. Os
tempos estão mudando, nós todos sabemos disso, e os tributos também terão novas
configurações nos tempos modernos. A sua preocupação em relação à Lei do Poste
é de que seria mais caro cobrar do que... Na verdade, qual é o espírito da Lei
do Poste? É de que há empresas que tiram lucros de sua atividade usando vias ou
passeios públicos e criando transtornos, vias ou passeios públicos que são
pagos e mantidos pela população, pelo povo, por todos nós. E cada vez mais isso
vai acontecer. Não são mais do que seis ou sete empresas que penduram os seus
cabos para desenvolver as suas atividades, usufruindo o legítimo lucro. Serão
somente esses que irão pagar, aqueles que usam o espaço do subsolo ou da via
aérea para ter lucro. Como todos os Projetos, Ver. João Dib, V. Exa. que é um
dos maiores especialistas que temos aqui, que tem mais experiência, eu ofereço
à Casa e ao Executivo para que ele seja enriquecido, melhorado, tornado
moderno. Imaginem quantas televisões a cabo, no futuro, nós teremos em Porto Alegre,
quantas televisões usarão esses mesmos postes que foram colocados nos passeios,
com o pagamento da população, através de alguns serviços, vão usufruir o lucro
e não vão ter nenhuma retribuição para manutenção desse trabalho. Esse é o
espírito essencial dessa lei.
A
Procuradoria da Casa fez um despacho considerando que o nosso Projeto não
estaria amparado em lei. Eu vou ler parte do Parecer que encaminharemos à
Procuradoria: “O Parecer da ilustre Procuradora reforça nossos esforços para a
criação de uma taxa em razão do exercício do poder de polícia da Administração
Pública.
O
trecho por ela citado, do Comendador Hely Lopes Meirelles, fala na
possibilidade da imposição da taxa. Diz o autor que o poder de polícia é
mecanismo pelo qual a Administração detém
a atividade dos particulares de se
revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-estar social.
E
exatamente esta a hipótese de que cuidamos. Postes que são instrumento de lucro
de empresas privadas, são instalados em espaços públicos, com o desgaste de
equipamentos urbanos, sem nenhuma contraprestação para o cidadão que o
construiu com os tributos que paga.”
Ele
vai criar polêmica. Nós o encaminhamos e solicitamos, principalmente à bancada
governista, que examine com atenção este Projeto. Estamos absolutamente abertos
para receber qualquer sugestão. Ele já existe em várias cidades e nós vamos
querer instituí-lo em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao
longo dessa semana, sobretudo a partir do episódio da última terça-feira
provocado pela Administração Popular com a Comissão de Saúde desta Casa, nós
discutimos exatamente o respeito do Executivo para com o Legislativo e
vice-versa. Eu fiquei me lembrando que o Vice-Prefeito José Fortunati, quando
aqui esteve, na abertura do ano, reiterou a disposição da Prefeitura em relação
ao Legislativo, de respeitá-lo enquanto Poder. Eu não tenho a menor dúvida
quanto ao Vice-Prefeito José Fortunati, de que o seu comportamento é esse, de
respeito, de bom relacionamento, até porque é da índole pessoal do Sr.
Vice-Prefeito. No entanto, acho que institucionalmente a Prefeitura, o
Executivo tem como política o confronto e o desrespeito permanente a esta Casa.
Eu quero gizar isso e trazer, aqui, uma vez mais, um episódio desse desrespeito
formal, planejado em relação a esta Casa. No final do ano passado, a Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o
Instituto Nacional de Pesquisas e outras entidades lançou o chamado Atlas Ambiental de Porto Alegre, que por
casualidade, ontem, o Sr. Vice-Prefeito veio trazer a esta Casa. Infelizmente,
não trouxe trinta e três exemplares, um para cada Vereador, como seria de se
esperar, mas ao menos trouxe um para a Instituição. Eu aguardava o momento
apropriado, não da visita do Sr. Vice-Prefeito, mas do debate do Plano Diretor
que ora estamos iniciando para tocar nesse assunto. Eu recebi o meu exemplar
através de uma da empresas patrocinadoras e, inclusive, levei a obra para o
programa de televisão, “Câmera Dois”, onde costumo mostrar esse tipo de
trabalho e elogiei o trabalho, porque do ponto de vista da produção científica
de um modo geral, da apresentação gráfica do projeto, esse trabalho é
absolutamente elogiável. Não se tem nada a dizer contra, ao inverso, só se pode
elogiar a Prefeitura Municipal, a Universidade. Agora, do ponto de vista
político da relação de poderes e do envolvimento de outras instituições contra
esta Casa, aí, é lamentável a apresentação desse Atlas, e porque nós vamos
votar essa matéria nos próximos dias é que quero registrar.
O
Atlas, Srs. Presidente, Srs. Vereadores, na página 111, apresenta, num título
maior, dentro de um capítulo que fala da organização urbana, a denominação de
“Cidade Radiocêntrica”. Na página 115, traz o título de “Cidade da Transição”.
Na página 116, “Cidade Jardim”. E, na página 118, “Cidade Rural Urbana”. Está
aqui o Atlas para quem tiver qualquer dúvida.
Ora,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta é uma obra oficial da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre que utiliza denominações até aqui inexistentes, em
relação ao Plano Diretor e à Administração do Município de Porto Alegre. Esta é
a proposta que eles enviaram do Plano Diretor, mas que esta Casa ainda não
votou, a não ser que a Prefeitura já conte com dezessete votos, e tenha tanta
tranqüilidade de que vai ver aprovado. Ainda assim, é um desrespeito a esta
Casa. Ao menos para guardar aparências dever-se-ia esperar a assinatura do novo
Plano Diretor pelo Sr. Prefeito Municipal, e depois, então, oficializar tais
denominações. Isso é o que impede o debate real entre os dois Poderes, é esse
tratoramento, esse empurrar, esse forçar um Poder pelo outro. Porque se havia
disponibilidade de se conversar um pouco mais a respeito dessas coisas, eu
quero deixar bem claro: como Vereador desta Casa, eleito, me sinto agredido e
desrespeitado. Tenho um mandato tanto quanto o Sr. Prefeito Municipal, e muito
mais do que o Sr. Secretário Municipal, que foi apenas nomeado, e, talvez, cada
um de nós, de certa maneira, tem um mandato maior do que o do Prefeito
Municipal, porque representamos aqui um conjunto de tendências desta Cidade.
Obras como essa, o envolvimento de entidades nesse tipo de jogada não depõe a
favor da política e nem da democracia e atrapalham, sem dúvida, as relações
entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo desta Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Gilberto Batista está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uso esta
tribuna em nome do Partido da Frente Liberal para, em primeiro lugar, agradecer
publicamente ao Diretor Luiz Fernando, da Empresa Pública de Transporte e
Circulação, que agilizou a tramitação de um pedido deste Vereador, de
instalação de uma sinaleira no Bairro Sarandi. Agradeço o empenho do Sr. Luiz
Fernando para resolver um problema que se estendia há muito tempo naquela
região, de acidentes de trânsito e de fluxo de veículos perto das escolas
Kennedy e Liberato. Aquela comunidade está satisfeita e a direção das escolas
agradeceram, a este Vereador e ao Diretor da EPTC, que não viu a cor partidária
nesse pedido, e, com muita agilidade, concedeu esse benefício à comunidade do
Bairro Sarandi.
O
segundo assunto que trago nesta manhã, Ver. João Dib, diz respeito às nossas
praças. No Bairro Sarandi temos diversas praças abandonadas, em todos os
sentidos. E há algum tempo venho tentando fazer contato com o titular da SMAM,
o ex-Vereador Gerson Almeida, não tendo obtido êxito em alguns pedidos que fiz
àquela Secretaria. No Bairro Sarandi, temos a Praça Oliveira Rolim, que
comporta uma casa, construída pela Secretaria Municipal de Esportes, e que
nunca foi usada. Por isso, a comunidade me procurou, e solicitamos à SMAM e à
Secretaria de Esportes, a cedência daquele complexo para colocação de um posto
da Brigada Militar, já que na região ocorrem diversos assaltos, tráfico de
drogas e até assassinatos já foram registrados há cerca de três meses. Este
Vereador tentou fazer contato com a SMAM, não conseguiu, e a comunidade está
cobrando isso. Eu gostaria que a Bancada da Administração Popular pudesse
ajudar, não a este Vereador mas à comunidade trabalhadora do Bairro Sarandi.
Nós temos a Praça Oliveira Rolim, que é uma grande praça, realmente, é uma das
maiores praças que temos naquela região. Está mal cuidada, há mato tomando
conta. E a casa que era para que professores lá se instalassem, para que as
pessoas fossem orientadas com caminhadas, exercícios físicos, jogos, enfim,
diversas atividades esportivas, lá está desde que foi construída, parada, sem
nenhum professor. Quebraram os vidros, não existem mais telhas, arrancaram as
portas, janelas. É um prédio público municipal, nosso, da população, que nós
pagamos e que está sendo destruído, e a solução não vem nunca. Então, solicito
à Bancada da Administração Popular que possa, não ajudar este Vereador, mas sim
aquela comunidade, que é trabalhadora, e que precisa de uma área de lazer, com
segurança, com cuidado, e com tudo a que essas pessoas têm direito. Outro ponto
que quero relatar é com referência a um pedido que fizemos junto ao Prefeito
Municipal de Porto Alegre, juntamente com o Rotary Clube Iguatemi para a
construção de uma creche para atender cem crianças carentes, no Bairro próximo
ao Shopping Iguatemi.
Tivemos,
na última quarta-feira, uma reunião-almoço no “Iguatemi”, com a presença do
Prefeito Raul Pont, e o Prefeito ainda não trouxe autorização para construção
dessa creche. Então, quero deixar registrada publicamente a minha insatisfação
por esse assunto não ter sido resolvido. O Shopping Iguatemi traz para si a
construção, o custo, a manutenção, tudo o que uma creche precisa para
atendimento dessas crianças, e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através
do Sr. Prefeito, ainda não autorizou para que esse trabalho comunitário possa
ser realizado. Então, causa uma insatisfação muito grande naquela comunidade, neste
Vereador também. Quero registrar publicamente, Sr. Presidente, que um complexo
financeiro de porte como o Shopping se propõe a construir uma creche em
parceria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre para atender crianças
carentes daquela região - seria vinte por cento para os funcionários desse
Shopping e oitenta por cento destinada às vilas que rodeiam o Shopping
Iguatemi. Mas o Prefeito ainda não ficou sensível a esse pedido, e o Projeto
está parado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Eu desejo informar à Casa, já que muitos
Vereadores ontem não puderam ir à Sala da Presidência quando o Prefeito em
exercício, Sr. José Fortunati, esteve presente trazendo dois Projetos de Lei e
o Atlas Ambiental e, tendo em vista que o Ver. Antonio Hohlfeldt referiu-se,
rapidamente, ao pedido de desculpas do Sr. Prefeito em relação ao episódio dos
Vereadores na visita a um Posto de Saúde nesta Cidade, quero informar à Casa
que, efetivamente, o Prefeito Municipal em exercício, Sr. José Fortunati, na
sua alocução junto aos Vereadores, referiu-se por duas vezes ao episódio e, por
duas vezes, pediu desculpas pelo acontecimento. Inclusive, está sendo assinada
uma Resolução. Nos termos da Lei Orgânica seria prescindível, mas o Sr.
Prefeito alegou que os funcionários não são obrigados a conhecer a Lei Orgânica
,o que é razoavelmente correto.
Diante
disso, informo aos Srs. Vereadores, que, efetivamente, em nome do Executivo, o
Sr. Prefeito Municipal desculpou-se pelo episódio, referindo-se, até mesmo, à
sua condição, há poucos anos, de parlamentar e sabedor das prerrogativas dos
Senhores Parlamentares como os Srs. Vereadores muito bem conhecem.
Esta
é a informação que desejo dar aos Srs. Vereadores para que fique registrada nos
Anais da Câmara Municipal de Porto Alegre.
O
Ver. João Verle está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo
esta tribuna em atenção à população de Porto Alegre, a todos os Vereadores e,
muito particularmente, ao Ver. Pedro Américo Leal.
Na
quinta-feira, a COSMAM, da qual eu faço parte, programou uma visita ao
loteamento Protásio Alves e ao Posto de Saúde, o que já foi aqui anunciado por
vários Vereadores. Infelizmente, em função do encaminhamento das questões do
Banco, a Vera. Sônia Santos teve a gentileza de me dispensar dessa visita. Se
por um lado foi bom, por outro foi muito ruim, porque, no caso do loteamento
Protásio Alves, eu poderia prestar, como quero fazer agora, importantes
esclarecimentos. Aquele loteamento resultou de uma ocupação que foi feita por
cerca de seiscentas famílias, loteamento conhecido como Timbaúva, segunda fase
do loteamento do mesmo nome.
Na
ocasião, o Município dispunha como, de fato dispôs, do recurso do Orçamento
Geral da União. Aliás, foi o primeiro que Porto Alegre conseguiu nos dez anos
da Administração Popular. Tinha projeto aprovado, empresa já licitada, prestes
a iniciar a obra quando houve a ocupação.
Foram
feitos esforços muito grandes, negociações para retirar aqueles moradores, mas
não foi possível. Entramos na Justiça, conseguimos a liminar, a qual demorou
para ser executada porque a Brigada Militar tinha muitos compromissos no
interior, com ocupações de terras rurais.
Então,
o que acontece é que nós estávamos prestes a fazer a desocupação quando surgiu
a oportunidade de uma negociação com o Governo do Estado, que estava também com
o problema do Parque dos Maias. Houve um acordo entre o Estado e o Município em
que este último entraria com uma área para a população que não poderia
comercializar os apartamentos do Parque dos Maias e o Governo do Estado se
responsabilizaria pela urbanização da área.
No
entanto, eles nos procuraram para que o Município fizesse essa urbanização,
evidentemente com recursos repassados pelo Estado. Nós aceitamos esse
compromisso com a contrapartida de que o Governo do Estado colocasse uma área
para reassentar os ocupantes do Timbaúva.
Então,
o Governo do Estado indicou aquela área, o Município desapropriou, num total de
555 mil reais, e o Governo anterior encerrou seu mandato sem ressarcir o
Município. Agora, o novo Governo terá que fazê-lo. Foi feita a negociação com
os ocupantes nas seguintes condições: o DMAE colocaria a água, o DEMHAB faria a
urbanização mínima e a CEEE colocaria a iluminação. As demais obras de
infra-estrutura, como pavimentação e esgoto, seriam disputados pelos ocupantes
do Orçamento Participativo. Nós fomos fazer o arruamento, como tínhamos
prometido, uma terraplanagem mínima. Encontramos um terreno muito irregular e
com algumas vertentes. Inclusive, tivemos que fazer um desmatamento, claro que
uma vegetação rasteira, pequenos arbustos, mas tivemos problemas com a SMAM que
nos notificou. Estamos agora fazendo projeto para recuperação da área e para
compensar as perdas que lá tivemos.
Por
outro lado, surgiram algumas vertentes e tivemos que canalizar parte da área, e
uma vertente, dada à declividade do terreno, chega até a divisa da área do
Montepio, onde está prevista a construção de um hospital.
Encaminhamos
a todos os ocupantes um projeto mínimo de fossa sanitária para que cada um
pudesse organizar isso, mas a população, de muito baixa renda, não tem
condições de fazer isso - poucos fizeram - e as necessidades fisiológicas, em
grande parte, acabaram sendo canalizadas para essa tubulação, que deságua no
terreno do Montepio. Isso é um fato verdadeiro, não foi premeditado de nenhum
modo, e até lamentamos muito.
O
DEMHAB está trabalhando num projeto para ver a forma de buscar recursos para
fazer a canalização do esgoto sanitário, já que passa uma rede na Av. Protásio
Alves, e essa solução tem que ser dada. Não podemos, nesse caso, esperar que a
comunidade se organize e dispute isso no Orçamento Participativo. O Município
tem que encaminhar essa questão, e imagino que o esteja fazendo, e o companheiro
Carlos Pestana, que é o novo diretor do DEMHAB, talvez pudesse ser solicitado a
comparecer nesta Casa para dar essas explicações e informar como está o
andamento desse projeto, pois quando saí estava sendo elaborado o projeto para
fazer essa canalização, inclusive evitando que os canos passassem pela área do
Montepio, contígua ao loteamento.
Concluo,
Ver. Pedro Américo Leal, dizendo que, embora possa parecer, está muito longe de
ter sido alguma coisa maquiavelicamente engendrada para causar esse problema.
Isso é inadmissível e ninguém faria isso. O que aconteceu foi o que relatei.
Espero ter sido clara e satisfatória a minha explicação, pois senti-me como o
principal responsável pela ação, como Diretor do DEMHAB que era, em dar essas
explicações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL
(Esclarecimento): Eu
desejo agradecer ao Ver. João Verle, que se despede para uma missão muito
importante, e quero dizer que esta Casa tem que fazer o que eu fiz: tem que
colocar o problema tal qual colocamos, porque aqui se dá, como V. Exa. disse, o
contraditório.
Ouvi
a sua entrevista com o jornalista Lasier Martins, em que V. Exa. afirmava que
esta é a Casa do contraditório. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
1335/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados no Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela rejeição do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM.
- adiada a discussão por cinco Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 011/97. O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
1997, nós ingressamos na Casa com esse Projeto, que dispõe sobre a destinação
de terrenos não-edificados no Município de Porto Alegre e dá outras
providências. Esse Projeto que, pelas suas características, tem que ser um
Projeto de Lei Complementar do Legislativo, apresenta um óbice que buscamos
corrigir ao longo do tempo. Desde o Parecer Prévio, a afirmação de que a
proposição tem vício de iniciativa, por ferir o artigo 94, inciso XII, da Lei
Orgânica, combinado com artigo 61, parágrafo 1º, inciso II, alínea b, da
Constituição Federal, e artigo 5º da Constituição do Estado. Na ocasião, Sr.
Presidente, - esse parecer nos foi dado ao conhecimento em 07 de maio de 1997,
por conseguinte, há praticamente dois anos - nós fizemos uma manifestação,
vazada nos seguintes termos: “Data vênia, o parecer prévio da Douta
Procuradoria deve ser entendido no contexto em que foi prolatado. De fato, ao
órgão técnico da Casa, não pode se dirigir outra postura que não à formalística
e legalística que caracterizam a manifestação. Ao legislador incumbe
posicionamento diverso, eis que as leis devem ser sustentadas por fundamentos,
que têm como objetivo o alcance do bem comum. Assim, solicita a retomada da
tramitação, a qual deverá ensejar, o exame crítico da Casa e, conseqüentemente,
a definição político legal, acerca do objetivo do Projeto de Lei, que é o de
ensejar ao Executivo um instrumento válido para o alcance de uma das
fundamentais finalidades do Município, isto é, o lazer, a recreação e a
qualidade de vida da comunidade de Porto Alegre.” Foi o que ocorreu, Sr.
Presidente, nós ficamos esse tempo todo aguardando que contribuições surgissem
ao debate e essas foram, ao longo do tempo, se estabelecendo, sendo que a
primeira delas veio com o voto do Parecer do Ver. Juarez Pinheiro, na Comissão
de Constituição e Justiça, no qual, o mesmo acompanhou a Procuradoria, votou
pela rejeição e justificou uma declaração de Voto nossa, em que tentávamos, ainda
em 1997, que o furor tecnicista que essa orientação consagra, limita a ação
legislativa da Casa e transforma o Vereador em mero calibrador das propostas
que o Executivo submete de quando em quando ao Parlamento da Cidade. Faço esse
alerta com a consciência de que a progressiva limitação da ação legislativa da
Casa ensejará, a curto prazo, o desencanto com a atuação parlamentar e a
frustração dos mandatários com os seus representantes. No caso em tela, essa
situação se apresenta de forma exemplar entre os integrantes da Comissão de
Constituição e Justiça, que se dobraram com docilidade aos poucos argumentos do
Relator que, em verdade, se limitou a transcrever no Parecer as opiniões da
Procuradoria da Casa, Órgão técnico que cultiva o formalismo, sem perquirir
sobre o substrato sócio-comunitário das matérias que lhe são submetidas. Por
tais razões, inconformado, lancei esse voto em separado, com o protesto, com
fundamentos expostos nas próprias razões que justificavam a formal impugnação,
forte no parágrafo único do art. 56 do Regimento.
Tendo
essa matéria posteriormente sido examinada pela Comissão de Economia e
Finanças, Urbanismo e Transportes e merecido dessas Comissões constituídas de
experientes e capacitados Vereadores desta Casa Parecer favorável, a discussão
vai limitar-se ao problema de ordem técnico-jurídica. A grande discussão sobre
a iniciativa das leis que com freqüência se instala nesta Casa. Aqui, em
determinadas condições, o Município fica autorizado a conceder isenção a quem
se envolver no processo, cedendo a sua área, a pedido da comunidade, para que
essa a utilize com finalidade de lazer e recreação. Aqui, como existe essa
possibilidade, fala-se que isso é uma ingerência indevida do Legislativo no
Executivo e que isso feriria o Princípio da Separação dos Poderes.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz inscreve-se e cede seu
tempo ao Ver. Reginaldo Pujol, com a aquiescência dos demais.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço ao Ver. João Bosco que
certamente vai enriquecer este debate, porque conheço a sua posição, quando vem
à tribuna. Porque o Ver. João Bosco, há muitos anos, fez projeto muito
semelhante ao nosso; está em vigor e infelizmente não é cumprido. O Ver. João
Bosco já legislou sobre os terrenos públicos, e há uma Lei consagrada que não é
cumprida.
Essa
discussão sobre a iniciativa é extremamente sujeita a algumas mudanças,
conforme o enfoque e conforme a situação que ela reflete. Nós já tivemos, aqui
na Casa, Projeto de Lei de iniciativa de um grande Vereador, o Ver. Pedro Ruas,
que hoje é Secretário do Estado, que aumentou tributos, que retirou isenções, e
nem isso foi alegado como vício de iniciativa, porque quem não pode o mais, não
pode o menos; quem não pode dar não pode tirar. Quero chamar a atenção que a
isenção do pagamento do imposto sobre propriedade predial e territorial urbana
fica sujeita a um convênio entre o Executivo, a comunidade e o proprietário do
terreno. Só nessas condições é que essa isenção vai ser possibilitada, porque
ele tem que requerer. E continua o poder de conceder ou não a isenção a quem a
Lei estabelece a competência, que é o Poder Executivo da Cidade. O Projeto não
pode ser analisado apenas num artigo, ele tem que ser analisado no seu conjunto
porque assim ele retira essa dúvida e demonstra que o proprietário tem que
assinar um termo de comodato cedendo o imóvel, que a comunidade, através dos
seus responsáveis para a celebração do termo de cessão da área para
desenvolvimento da atividade a que se destinar, tem que requerer, solicitar o
Projeto. A construção, a administração e a conservação dos equipamentos de
edificações a serem implantados na área, serão de inteira responsabilidade da
comunidade solicitante. Enfim, o que se quer é pegar enormes vazios urbanos
hoje, áreas boas, áreas que poderiam ser transformadas numa praça de esporte,
numa área de lazer mediante uma negociação, mediante uma parceria, comunidade,
Poder Público, pessoa física, que disponha de uma determinada área. E não quer
se fazer disso uma regra absoluta. Isso não quer dizer que, amanhã ou depois,
todos os terrenos que não estão edificados em Porto Alegre sejam, em função
desta lei, transformados em propriedades isentas da tributação. Não, é preciso
que se analise no conjunto. Se houver interesse da comunidade, concordância do
proprietário, termo de comodato, ajuste com a Prefeitura, nestas condições,
poderá ocorrer isenção, que não será obrigatória. Ao final, restará ao
Executivo Municipal, que firmará o termo de comodato, a palavra última,
dizendo: não, não vai ser feito; não interessa ao Município; a comunidade está
equivocada em relação a esta área.
Nós
temos áreas, Sr. Presidente, que já não pagam o tributo ou tem tributo
reduzido, porque são áreas que há muitos anos foram previstas para implantação
de vias públicas no Plano Diretor e que, como não são utilizadas e o Município
não tem condições de desapropriar, acabam se transformando numa área que não
raro enseja até mesmo a ocupação irregular para finalidade da habitação e que,
quando tal não ocorre, acabam sendo isentadas do tributo, sem cumprir esta
finalidade. Então, eu gostaria, neste debate final, de dizer o seguinte: que eu
tive a maior paciência, a maior vontade de que se estabelecesse um entendimento
sobre este Projeto. O Ver. Renato Guimarães, que já me acena afirmativamente
com a cabeça, é a melhor testemunha que nós temos. Ainda agora, antes de usar a
tribuna, consultava a Liderança do PT, se tinha sido viabilizada alguma Emenda,
que era uma tentativa que não se viabilizou. Então, nós vamos ter que decidir
este Projeto, não o faremos em clima de emocionalidade, mas temos que fazer na
racionalidade que estou propondo. Não examinem apenas as primeiras expressões
do projeto, examinem o conjunto e vamos concluir que nós estamos oferecendo à
cidade, especialmente a quem tem a responsabilidade de administrar a cidade no
dia presente, um bom Projeto que, se acolhido pela Casa e bem regulamentado
pelo Executivo, que ainda tem esta possibilidade, ele, o Executivo, terá um
instrumento extremamente eficiente na sua mão, capaz de consagrar em benefício
do lazer, em benefício da recreação, em benefício da qualidade de vida da
Cidade, um instrumento válido, capaz e conseqüente, gerador dessas
possibilidades que estou a enunciar. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco está com a palavra para
discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. JOÃO BOSCO : Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muitas
vezes, dou razão ao nobre Ver. João Dib quando diz que esta Casa trabalha
exaustivamente em cima de projetos que acabam se transformando em leis e as
leis acabam não sendo cumpridas. Quando me deparei com esse Projeto do nobre
Ver. Reginaldo Pujol, a princípio, levei um susto, Vereador, porque a Lei nº
6925/91, um Projeto deste Vereador, trata da transformação temporária dos
terrenos baldios da Prefeitura de Porto Alegre em áreas de esporte e lazer. Um
Projeto trabalhado juntamente com as Federações, com as Associações, com as
Ligas, com a própria Secretaria Municipal de Esportes e, infelizmente, essa Lei
nunca foi cumprida. Na Legislatura passada, encaminhei um pedido de informações
ao então Prefeito Tarso Genro e recebi uma surpreendente resposta, porque
perguntei quantos terrenos baldios a Prefeitura de Porto Alegre tem e onde
estão esses terrenos? Na resposta que veio do Sr. Prefeito a esta Casa
informava que a Prefeitura não sabia quantos terrenos baldios ela possui em
Porto Alegre e onde estariam esses terrenos. Ontem, protocolei um novo Pedido
de Informações para que possamos cumprir essa Lei, fazendo as mesmas duas
perguntas: quantos terrenos baldios a Prefeitura tem em Porto Alegre e onde
estão esses terrenos? Espero, agora, que o Prefeito Raul Pont, afinal de
contas, o PT está no terceiro mandato na Prefeitura de Porto Alegre e já
deveria saber quantos terrenos a Prefeitura tem em Porto Alegre.
Confrontando
com o Projeto apresentado pelo Ver. Reginaldo Pujol, já conversei com ele e
estou solicitando que o discutamos mais; quando se trata de tributação,
impostos, tributos, isso não é iniciativa desta Casa. Na legislatura passada
nós apresentamos uma emenda à Lei do IPTU, dando descontos aos proprietários de
terrenos de Porto Alegre que colocassem lá a prática esportiva.
Do
ponto de vista da iniciativa, este Projeto do Ver. Reginaldo Pujol se equivoca.
Mais ainda, como esta Casa irá legislar em pontos da iniciativa privada?
Assim,
eu peço ao Ver. Reginaldo Pujol que adie a discussão do seu Projeto por uma
Sessão para que possamos, quem sabe, emendá-lo, porque nele fala em terrenos do
Município e já existe uma Lei que não é cumprida e eu sou cobrado todo dia.
Cada vez mais a exploração imobiliária toma conta desta Cidade e as áreas de
esporte e lazer estão cada vez mais distantes e mais difíceis.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Teria um imenso prazer em atender o apelo de V. Exa. em adiarmos a
discussão deste Projeto, permitindo que viesse a contribuição valiosa de V.
Exa. Não obstante a nossa vontade, na Sessão anterior foi impossível isso
ocorrer, porque não dá mais para adiá-la, quando muito poderemos adiar o
encaminhamento da votação. Assim, consulto a Mesa, mais experiente, se no
período do encaminhamento da votação seria possível uma Emenda. Parece-me que
não, que encerrada a discussão, se perde o ensejo da apresentação das Emendas.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Vereador Pujol, não caberia.
O SR. JOÃO BOSCO: O cumprimento dessa Lei de 91, para que
possamos transformar em áreas de esporte e lazer os terrenos baldios da
Prefeitura de Porto Alegre, é bom para a comunidade, é bom para a Prefeitura, é
bom para a Secretaria Municipal de Esporte. Vejo aqui o Professor Hamilton, da
Secretaria, que faz um grande trabalho, juntamente com a Professora Jane e o
Professor Mário. A Secretaria sabe da grande dificuldade de encontrarmos praças
esportivas no Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença dos dirigentes do
Sindicato dos Municipários. Agradecemos a presença dos funcionários da
Secretaria Municipal do Esporte e, em especial, ao Professor Hamilton.
O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu
caro Ver. João Bosco, quando o Prefeito informa que não sabe dos terrenos
baldios na Cidade, talvez esclareça por que não sabe onde estão os quarenta
milhões do IPTU, que tenta negar de qualquer maneira, arrecadados no mês de
janeiro. Talvez seja por isso.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Vereador Pujol, lá pela década de
setenta, no início, lia numa revista que, em Nova Iorque, terrenos altamente
valorizados, na Quinta Avenida até, eram colocados à disposição da
municipalidade, porque o proprietário não pretendia construir em seguida,
levaria alguns anos o projeto. Ele, então, colocava à disposição da municipalidade
para que ser usado pela população nova-iorquina. Então, tinha bancos, água,
espelho d’água, água caindo como se fosse uma cascata, uma ilha de
tranqüilidade em ruas altamente movimentadas. E eu, em 72, então propus, num
Pedido de Providência, não num Projeto de Lei, que se fizesse o pátio de
brinquedos. E ficou apenas no papel, mas quando fui Diretor do DMAE, o Dr.
David Iasnogrodski me fez quatro pátios de brinquedo: um na esquina da Ramiro
Barcelos com a Cristóvão Colombo, foi o primeiro, e depois nós fizemos na
Hidráulica São João, na Hidráulica do Moinhos de Vento e Hidráulica do Menino
Deus. Então, a idéia do Ver. Pujol é absolutamente correta e muito boa, sem
dúvida nenhuma, para a Cidade de Porto Alegre. Apenas, Ver. Reginaldo Pujol, eu
colocaria algumas restrições, por exemplo, o artigo 3º talvez resolvesse o problema. Após a análise
da documentação apresentada, o Executivo convocará. Eu colocaria, talvez, uma
Emenda aí: “após a análise da documentação apresentada, se aprovado o
Requerimento”, porque deve caber ao Executivo a decisão se é bom ou não para a
comunidade. Não poderiam, de repente, aparecer todos os proprietários de
terrenos não-utilizados e pedir isenção do IPTU. Não interessa à Prefeitura,
talvez, no mesmo bairro, ter dez terrenos, apenas um chegaria para atender.
Então a Prefeitura teria opção de análise, ou então nós poderíamos fazer, no
artigo 2º, um Parágrafo Único, dizendo que “somente após análise, e quanto ao
interesse da municipalidade, será ou não aprovado o Requerimento”.
E
eu faria ainda, Ver. Reginaldo Pujol, a exclusão do artigo 8ª: “As benfeitorias
passarão, após o prazo mínimo estabelecido nesta Lei Complementar, a incorporar
o imóvel cujo IPTU, a partir do termo final dos contratos firmados, será
calculado com base nessa nova situação”. Isto viria provavelmente a onerar em
muito, talvez, o proprietário do terreno, e não é o que pretende este Projeto
de Lei. Então eu excluiria este, o artigo 8º, para que pudesse a
municipalidade, com tranqüilidade, resolver o problema com mais facilidade.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ilustre Ver. João Dib, eu aproveito a sua experiência para
perguntar, mas eu acho que o proprietário deve de ser penalizado, em certos
casos, talvez não, pendência judiciária, mas eu não posso entender que um
indivíduo tenha um terreno e o comercialize por quarenta anos, poupando a
mão-de-obra que não é empregada, luz que não se paga, água que não se paga. Eu
acho isso errado. Muito obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Pedro Américo Leal, hoje o
proprietário de terreno é penalizado pelo próprio IPTU, a alíquota pode chegar
a 6%. Um IPTU progressivo pode chegar a 30%, o que é um assalto. Se nós
construíssemos em todas as áreas não-construídas em Porto Alegre, nós teríamos
condições de abrigar a população de dois milhões e meio de habitantes. Nós não
temos essa população, portanto há uma necessidade de disciplinar um pouco mais,
mas não há como construir em todos os terrenos hoje existentes. Saúde e paz. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu acho
importante que a Casa, ao discutir este Projeto, identifique o conteúdo, ou
seja, o que se pretende com este Projeto da forma como ele está apresentado. Eu
destaco o aparte do Ver. Pedro Américo Leal porque, para mim, esse é o objeto
principal deste Projeto. Não é a nossa intenção constituir uma forma de os proprietários
de terrenos particulares da Cidade cederem seus terrenos para ocupação
coletiva. No nosso ponto de vista, o Projeto propõe-se a criar isenção de IPTU
na Cidade para terrenos não edificados. Por que eu digo isso? A nossa proposta
de mediação em relação a este Projeto, através de uma Emenda ou de Projeto
Substitutivo, é no sentido de propor uma alternativa, onde os proprietários de
terrenos particulares baldios que quiserem ceder à comunidade esses terrenos,
para a utilização comunitária, poderiam assim o fazer, mas continuariam com as
suas obrigações tributárias. O terreno continuaria a ter a destinação de um
terreno de um ente particular. A nossa mediação era em relação aos terrenos
particulares, se o proprietário quiser ceder para uma atividade comunitária,
para um campo de futebol, ele pode ceder, mas esse proprietário continuaria com
suas obrigações tributárias. É interessante esclarecermos aqui, no debate, que
estamos tratando de uma iniciativa que atinge o tributo principal da cidade de
Porto Alegre, que é o IPTU. Esta proposta atinge o principal tributo de Porto
Alegre, isentando, na realidade, proprietários de vazios urbanos. É essa a
discussão, e vai além, vai contra a visão de imposto progressivo, pois, dentro
da área urbana intensiva, o lote urbano tem destinação para moradia, ele tem
que ser ocupado para tal. Se ele está vazio - e é interessante resgatarmos isso
- , a Lei diz : “Facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei específica,
para área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da Lei Federal, do
proprietário do solo urbano não-edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova o seu adequado aproveitamento, sob pena suspensiva de parcelamento ou
edificação compulsória, Imposto Predial Territorial Progressivo no tempo ou a
desapropriação com pagamento mediante título. A Lei diz que o proprietário tem
obrigação, na área urbana intensiva, de dar destino ao seu terreno. Este
Projeto de Lei que estamos discutindo aqui contraria a Lei Federal, contraria
as leis municipais que tratam da tributação, do IPTU, do Imposto Progressivo, e
cria um debate com a comunidade, no seguinte aspecto: se existe um terreno em
alguma vila e pode ser cedido para a comunidade utilizar, por que a Prefeitura
não aceitar esse terreno? Tem como aceitar para utilização comunitária, mas a
tributação tem que continuar sob a responsabilidade do proprietário, porque, do
contrário, nós estaremos isentando, nesta Cidade, os proprietários de vazios
urbanos. Estamos fazendo a lógica da acumulação de terra no Município de Porto
Alegre. Então, se o Projeto tem como fundo, como objeto central, a utilização
de áreas para o bem coletivo, vamos trabalhar para que seja esse o objetivo do
Projeto e não a isenção de impostos e tributos que é no nosso entendimento o principal
objetivo apresentado no Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. e Sras. Vereadoras,
a questão me parece bastante clara: ou nós discutimos a ilegalidade do Projeto,
que está legislando sobre redução, isenção de IPTU ou nós discutimos sobre a
necessidade que tem a Cidade de Porto Alegre de ter áreas de lazer e áreas de
esporte. Vejamos: eu votaria com toda a tranqüilidade contrário este Projeto do
Ver. Pujol se o Município tivesse uma política bastante clara de construir nos
terrenos do Município, nos próprios municipais canchas de esporte e áreas de
lazer, que tanto faltam para o cidadão de Porto Alegre. Se a Lei, e não o
Projeto, se a Lei do Ver. João Bosco estivesse sendo praticada, Ver. João
Bosco, nós temos a certeza, a convicção, Ver. Reginaldo Pujol, não haveria a
necessidade de fazer a sua lei, porque a Cidade de Porto Alegre, na sua
totalidade, estaria hoje servida nessas áreas de esporte, nessas áreas de
lazer, mas, como não é aplicada, como a sua lei não é cumprida, uma
determinação desta Casa, sancionada pelo Sr. Prefeito, na época, mas até hoje,
de noventa e um a noventa e nove, não foi cumprida. O Ver. Pujol e as pessoas
que certamente procuraram o Ver. Reginaldo Pujol sabem da necessidade que Porto
Alegre tem em cada vez mais ter essa opção de lazer, essa opção nessas áreas
esportivas para o cidadão de Porto Alegre. Mas não é feito absolutamente nada.
Então, qual o objetivo do Ver. Reginaldo Pujol mesmo sabendo da ilegalidade,
mesmo sabendo que estará dando isenção do IPTU para aqueles que têm essas
áreas, esses terrenos baldios. O Ver. Reginaldo Pujol quer conciliar uma
situação de anormalidade dentro da cidade de Porto Alegre. Porque chegam ao
gabinete do Ver. Reginaldo Pujol, como chegam ao meu, como chegam ao de todos
nós Vereadores, as pessoas cada vez mais tendo a necessidade de encontrar áreas
de lazer nos bairros da nossa Cidade. E não é feito pelo Município, eu dou aqui
um exemplo muito claro, no Bairro Boa Vista tem a Praça Efrain Pinheiro Cabral,
as pessoas que moram em torno dessa praça, se articularam, se organizaram e
criaram a Associação da Praça Efrain Pinheiro Cabral, e começaram a participar do
Orçamento Participativo. Nas discussões plenárias de noventa e seis,
colocaram para o Plano de noventa e sete que a Praça teria recursos do
Município e começariam a fazer as obras, transformar aquele terreno, que hoje é
um terreno, numa área de lazer, porque haveria os recursos do Município. E foi
dito pelo então Secretário Municipal do Meio Ambiente que parte dos recursos do
Orçamento Participativo, mais a verba compensatória do BID em respeito à
construção da III Perimetral, que é obrigado haver a compensação com áreas
verdes no entorno, e a Prefeitura Municipal, não no ano de noventa e sete,
transformaria aquele terreno baldio numa área de lazer para os moradores da
região. Nós estamos em mil novecentos e noventa e nove, é bem verdade que no
início de noventa e nove, mas se passou, já do final de noventa e sete, um ano
e dois meses e continua exatamente igual a área há dez anos atrás, é um mato, é
uma área que não tem absolutamente nada construído, foi aprovado no Orçamento
Participativo, existe a tal da verba compensatória do BID, quando for
construída a III Perimetral, que ninguém sabe quando vai ser, e a população
está sem área de lazer, e a população está sem uma quadra de esportes, tão
necessária naquela região, naquela zona não tem nenhuma outra alternativa.
Vejam, então o Ver. Reginaldo Pujol enfrentando essas dificuldades, o cidadão
de Porto Alegre cada vez mais reclamando que não existem, em determinados
bairros, áreas de lazer, áreas de esportes. O que fez o Ver. Reginaldo Pujol? Tentou
conciliar uma situação da cidade de Porto Alegre a um ajuste numa lei. Claro
que nós sabemos que é iniciativa administrativa do Sr. Prefeito a isenção de
IPTU, ninguém quer dar isenção de impostos, mas nós queremos fazer com que, por
parte do Executivo Municipal exista boa vontade, haja a disposição para a
construção destas áreas de lazer.
Se
constatamos que a lei do Ver. João Bosco não foi cumprida, que Porto Alegre
cada vez mais tem menos áreas de lazer, tem menos áreas para que as crianças
possam praticar esportes, eu vou votar favoravelmente ao Projeto do Ver.
Reginaldo Pujol, porque será uma maneira - mesmo que ilegal, mesmo que não seja
de competência do Legislativo - de fazer com que a população de Porto Alegre
tenha esta opção de espaço e fazer com que sejam construídas mais áreas de
lazer, áreas para a prática de esportes.
Este
é o objetivo, Ver. João Bosco, se a lei de V. Exa. estivesse sendo cumprida,
estivesse funcionando eu votaria, com toda tranqüilidade, contra o Projeto do
Ver. Reginaldo Pujol. Mas, não vejo por parte do Executivo Municipal nenhuma
boa vontade em colocar a lei de V. Exa. em prática, quando diz que nem sabe os
números e qual a quantidade de terrenos baldios existentes em Porto Alegre.
Ora, se o Executivo Municipal não sabe, não seremos nós, Vereadores, que vamos
saber, e não será a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. Elói
Guimarães, que tem a palavra pelo tempo regimental de cinco minutos para
discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver.
João Dib foi extremamente sábio na manhã de hoje e deu um verdadeiro clarão a
este Projeto, que se ressentia da juridicidade, até porque ele estabelece a isenção,
estabelece o interesse da comunidade, e estabelece que nas referidas áreas
serão instalados equipamentos de lazer e esportivo, mas deixava o Executivo
fora. Na medida em que se coloca a aceitação por parte do Chefe do Executivo,
ou seja, do Prefeito Municipal, o projeto saneia-se. Então, a intervenção do
Ver. João Dib e a conseqüente Emenda tira o debate da questão da legalidade e
da jurisdicidade e coloca na questão de mérito, de oportunidade, de interesse
em se proceder desta ou daquela forma. Então, eu chamo a atenção para esse
detalhe. O Vereador não está proibido de estabelecer regras no que concerne à
isenção. O que ele não pode fazer é determinar a isenção. Isentar e tratar de
determinadas matérias tributárias, não significa estabelecer isenção compulsoriamente.
Na medida em que o Chefe do Executivo é incorporado nesse regramento, porque
detém a capacidade jurídica, política de estabelecer isenções, essa matéria se
torna perfeitamente legal e constitucional. E entra a questão do mérito.
Deixa-se, com a Emenda, saneada a questão da legalidade, porque do contrário o
que aconteceria? Tão logo aprovado o Projeto, aquele que oferecesse o terreno e
a comunidade se manifestasse, obrigaria o Executivo a ceder na forma
prescritiva do Projeto aprovado. Não, agora, o Chefe do Executivo vai se
incorporar no regramento estabelecido a essa matéria. Então, o Projeto deixa de
ser ilegal, inconstitucional com a Emenda do Ver. João Dib. E aí vai se
discutir a questão do mérito. Afinal, existe mérito em se dotar determinadas
áreas com locais para práticas esportivas e de lazer? É vantagem para o
Município isentar? Isso é discussão de mérito. Nós deveríamos debater mais a
matéria sobre a questão do mérito. Vai se estabelecer em Porto Alegre uma
política nesse sentido. Aí, Ver. Reginaldo Pujol, é um debate de mérito. Alguns
entenderão que isso aí acobertaria determinados interesses; outros entenderão
que é um grande negócio para o Município, porque recebendo uma área e ali
colocando equipamentos de esporte e lazer, isso é bom para o Município.
Vejam,
que o Projeto era inconstitucional, porque não estabelecia ao Chefe do
Executivo outra possibilidade senão se ater ao disposto no projeto que dispõe:
“que o proprietário oferece e que a comunidade se manifeste” e para por aí. E,
com isso, obrigaria o Prefeito a dar uma isenção, que não pode fazer a Casa.
Mas a Casa pode estabelecer regramentos relacionados com a isenção e oferecer
ao Chefe do Executivo.
Vejam
bem, não é um Projeto autorizativo, porque me volto contra os projetos
autorizativos, mas um Projeto que estabelece um regramento sobre determinada
matéria e oferece ao Chefe do Executivo.
Ver.
João Dib, V. Exa. hoje foi brilhante e teve, como se diz, o “estalo do Padre
Vieira”. Padre Vieira, que foi um grande orador e tribuno religioso, tinha
determinados estalos de que eram tiradas brilhantes idéias.
Fica
aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha manifestação para consignar,
deixar analisado e elaborado meu entendimento de que o Projeto, até então,
ressentia-se da inconstitucionalidade, porque, tão logo atendido seus
preceitos, fazia, obrigava o Executivo a proceder na forma do Projeto, mas
agora não. O Executivo vai avaliar se interessa ou não fazer o que prescreve o
Projeto. Então, parece-me que a questão da legalidade e da
inconstitucionalidade, salvo melhor juízo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
foi salvo pela “Emenda João Dib” e a questão é de mérito tão somente. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
verdade, o Ver. Reginaldo Pujol é um hábil advogado e um excelente Vereador,
porque este Projeto merecia ser tema do programa “Polêmica”. O Lauro Quadros
devia colocar esse Projeto sob a discussão de três eminentes autoridades para
saber o que fazer. Na verdade, esse Projeto foi rejeitado pela Procuradoria e
pela Comissão de Constituição e Justiça, mas está causando aqui uma balbúrdia
incrível, chegou ao ponto de tirar do Ver. Elói Guimarães a colocação de um
estalo repentino na cabeça do Ver. João Dib.
Esse
Projeto que, na verdade, é inconstitucional, mas que, brilhantemente
apresentado pelo Ver. Reginaldo Pujol, numa roupagem disfarçada, hábil advogado
que ele é, nos causa a polêmica. Então, nós estamos discutindo aqui se é
possível ou não aprovar um Projeto que é inconstitucional.
Agora,
observem: um cidadão qualquer tem um terreno e resolve não construir, faz uma
proposta à Prefeitura de que vai colocar uma série de aparelhos móveis, como se
chamam em Educação Física, que o Ver. Carlos Garcia conhece muito bem, são
balanços, gangorras e outros, e se furta a pagar impostos. Mas isso é uma
gracinha, ele seria uma vítima do imposto progressivo, o que sou favorável,
tanto que estou há um ano lutando no Município de Torres para que os terrenos
que ali estão caducando, de gente milionária e bilionária que não constroem por
quarenta anos, o Ver. Cláudio Sebenelo sabe disso.
Eu
conheço um cidadão que, há quarenta ou cinqüenta anos, tem um terreno que está
valorizando. Agora, se transportado para Torres, ele colocaria, ao lado de
minha casa, uma praça. Vejam os senhores, que gracinha ele faria: ele me
incomodaria, indiretamente, porque eu teria que agüentar crianças, moleques,
delinqüentes usando a praça. Essa é a verdade. Não vamos encobrir o sol com a
peneira.
Tem
que pagar imposto? Tem que pagar imposto. Vai perder o terreno? O Ver. João Dib
disse que vai, que dentro de três anos ele estará pagando o preço do terreno, e
muito justamente. Isso é que tem que ser feito! Como é que nós vamos aprovar
algo que é um disfarce?
O
Ver. João Dib, um emérito conhecedor de Porto Alegre, diz que deve haver mil e
tantos, ou mais, terrenos sobre os quais nada é construído. Futuras praças. Não
pagam mais imposto, incomodam os vizinhos. Eu não sei o que é que se pode
fazer, mas não posso olhar edifícios em construção interditados pela Justiça há
quarenta anos, enfeiando a Cidade! E fica por isso mesmo; ninguém faz nada! Há
terrenos que são colocados em avaliação constante pelos proprietários que neles
não constróem. Isso tem que acabar!
É
por isso que eu digo: eu sou um homem de direita, porque sou pela ordem e pela
disciplina. A esquerda não é nem pela ordem nem pela disciplina.
Devem-se
tomar medidas, o capital tem que ser contido, ele não pode “pintar e bordar”
por aí. Se nós não fizermos isso, nós vamos soçobrar.
Eis
um Projeto do inteligente e hábil advogado Reginaldo Pujo que não vai contar
com o meu apoio, mas reconheço, Ver. Reginaldo Pujol, que V. Exa. é um
habilíssimo Vereador. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por
pouco eu não cancelo a minha intervenção em face da oração do Ver. Pedro
Américo Leal, com a qual eu concordo com quase tudo, com exceção de quando ele
se referiu à questão da juventude e da adolescência, porque nesse ponto temos
uma grande divergência. De resto eu assinaria embaixo a posição do Ver. Pedro
Américo Leal.
Antes
de ir ao mérito do Projeto, quero comentar que às vezes fico surpreso, e, mais
ainda, fico assustado, quando um Vereador - e só ser Vereador já seria
suficiente, e ainda é membro da Comissão de Constituição e Justiça -, como o
Ver. Fernando Záchia, que infelizmente não se encontra no Plenário no momento,
diz que deixemos de lado a questão de o Projeto ser ou não ser constitucional.
Ora, a Lei e a Constituição servem para quê? Nós, às vezes, escutamos discursos
duríssimos, até de forma indevida, porque muitas vezes não têm relação com a
realidade, de que a Prefeitura e/ou o Prefeito não estariam cumprindo a Lei - e
eu acho que a Lei tem que ser cumprida -, e vem um Vereador da Casa dizer que
se deixe de lado a questão de ser ou não constitucional. Quero marcar isso,
porque deve haver coerência no discurso, sim, como às vezes vêm nos cobrar.
Não
sou advogado, mas duvido que a Emenda do Ver. João Dib tire a
inconstitucionalidade do Projeto. A Procuradoria da Casa afirmou,
taxativamente, que é um Projeto inconstitucional e a Emenda, me parece, não
retira essa inconstitucionalidade.
Quero
centrar-me na questão do mérito. O Projeto diz que a comunidade procura o
Executivo e propõe que determinado terreno baldio de um particular possa ser
ocupado por uma cancha, alguns brinquedos, etc., e, a partir daí, esse terreno
seria isentado do IPTU. Esse é o primeiro artigo: isenta-se do IPTU.
Ora,
sejamos francos: hoje, sem lei nenhuma, o proprietário pode procurar a
Prefeitura - o Ver. Renato Guimarães já afirmou isso e eu quero reafirmar -, e
oferecer à Prefeitura esse terreno para que seja usado pela comunidade. O
objetivo central do Projeto é, de fato, isentar do IPTU, vamos ser francos, porque,
depois, tudo, os equipamentos, a sua colocação no terreno, é feito pela
comunidade. O proprietário não faz absolutamente nada, ele apenas vai ter esse
grande ganho financeiro, que é a isenção do IPTU, que vai contra toda lógica.
Inclusive, esta Casa tem trabalhado na questão do solo urbano de Porto Alegre.
Esta é a discussão: como o solo urbano na cidade deve ser ocupado? Deixar o
terreno paradinho lá, com toda a infra-estrutura urbana na sua redondeza,
pegando mais preço e, lá pela tantas, vende. Terreno, na minha opinião, Ver.
Reginaldo Pujol, ou é para plantar, produzir, ou para construir casa. É uma
questão de mérito. Não seria difícil para alguns proprietários convencerem a
comunidade - porque para ela é interessante - a fazer uma reivindicação à Prefeitura,
colocar ali um escorregador, um balanço, e o proprietário de uma grande área
ficaria isento de pagar IPTU. Não dá. Se existe uma boa vontade do
proprietário, ele pode-se dirigir à comunidade e colocar o terreno à
disposição, e está feita a relação. Faz um comodato direto com a comunidade,
sem fazer a Prefeitura perder recursos, sem quebrar essa lógica do imposto
progressivo. Se o terreno está parado, esperando ficar mais valorizado, está
havendo especulação através de um terreno, e nós não podemos, de forma nenhuma,
concordar. Eu acho que, por unanimidade, a nossa Bancada votará contra o
Projeto. Até porque eu não conhecia, a lei do Ver. João Bosco, é de 1991 e eu
não estava na Casa, acho que é uma lei muito interessante, e nós podemos
trabalhar para colocá-la em funcionamento. São os terrenos da Prefeitura que,
aí sim, poderia ser feito um trabalho com a comunidade e a comunidade construir
o seu espaço de lazer e desempenho do esporte. Eu acho essa lei interessante,
gostei da lei, vou trabalhar para que ela seja colocada em funcionamento.
Agora, a nossa lógica, Ver. João Bosco, é que a comunidade também tem que se
mexer. Ao descobrir que um é terreno baldio, pode consultar a Prefeitura, ela
tem o cadastro sobre os terrenos. E se for da Prefeitura, pode ser facilmente
colocada em prática a Lei de autoria de V. Exa. Então, era isso o que eu queria
colocar. Na verdade, está em discussão, parece ser um Projeto interessante, que
vai ajudar as comunidades, mas o proprietário já pode contatar com a comunidade
e fazer o seu comodato. O Projeto, na verdade, tem um objetivo: isentar esses
terrenos do IPTU, simplesmente, porque, de outra forma, já pode ser relacionado
com a comunidade que queira utilizá-lo para esporte e lazer. Portanto, a nossa
Bancada votará contra o Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir o PLCL nº 11/97, por cedência de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Antes
de mais nada, preciso saudar o Ver. João Dib que, com muita freqüência,
ironizamos sua situação de engenheiro, na Comissão de Constituição e Justiça,
mas que demonstra que o bom senso e a sabedoria não é privilégio de nenhuma
atividade profissional. O Ver. João Dib, com toda sua experiência, colocou duas
palavrinhas em um artigo, que conseguem, com clareza total, mostrar o objetivo
real do Projeto e retira qualquer erro de ilegalidade que o Projeto pudesse
apontar, que já era discutido, na medida em que condiciona a eventual isenção à
expressão “se aprovado”, isto é, se o Executivo concordar, se o Prefeito e seu
corpo de técnicos considerar adequado, necessário àquela região. Ver. Pedro
Américo Leal, V. Exa. que me assustou com sua argumentação, que é muito
brilhante. O que não padece de dúvidas é que o Ver. Guilherme Barbosa não tem
razão, quando diz que os terrenos têm que ser edificados, que a função do
Município é de edificar os terrenos. Mas é função do Município, também,
garantir lazer, área de esportes, de recreação, enfim, qualidade de vida para a
população. O ideal seria que o Município já obtivesse a posse desses terrenos,
podendo colocá-los à disposição da comunidade. Nós temos inúmeros terrenos mas,
no momento, não é recomendável que ali se construa, porque o mercado
imobiliário está vivendo em um momento de crise, com a alegação de pessoas que
dizem que não se constrói em Porto Alegre porque não há uma definição clara
sobre o novo regime urbanístico que a Cidade terá, e que estamos legislando
para toda a Cidade de Porto Alegre, e não apenas para algumas áreas da Cidade,
onde, naturalmente, o bom senso determina que deva haver a construção imediata,
aquelas áreas onde hoje o imposto progressivo prevalece, porque este não
prevalece em todas as áreas da Cidade.
Pergunto
ao Ver. João Bosco, que é o homem do esporte, junto com os Vereadores Fernando
Záchia e Carlos Garcia: e aquelas áreas que a gente sabe que são aproveitadas
na periferia de Porto Alegre, lá em Lajeado, no entorno da Restinga, em Belém
Novo, onde o proprietário cede o terreno para a comunidade fazer o seu campo de
futebol, os raros campos de futebol que ainda existem na várzea de Porto
Alegre? Será que nesses lugares nós temos que querer que construam
imediatamente, quando eles podem, por mais um bom tempo, continuar sendo o
lugar da prática desse esporte tão nacional e que é tão dificultada a sua
realização, hoje, no Município de Porto Alegre? Claro que o Ver. João Dib, que
é inteligente, capaz e experiente, colocou com letras claras o que pensávamos
já haver no Projeto. Esse Projeto estabelece um mecanismo de parceria em que
deve haver três manifestações de vontade muito expressas: quem deseja - a
comunidade; quem concorda - o proprietário do terreno; e quem tem competência
para isentar, se assim concordar - o Prefeito Municipal, o Executivo da Cidade
de Porto Alegre. Não é mais o risco da ilegalidade. O Ver. Pedro Américo Leal
não é um legalista de tal ordem. Nós, juntos, queremos a legalidade para o bem
deste País. Não sei se outra vez não teremos que fazer isso. Mas, mesmo que se
legalize tal esforço, o Ver. João Dib conseguiu dar um contorno absolutamente
inteligente, conseqüente e capaz de tranqüilizar a legalistas ou não num
objetivo que é instrumentalizar o Município de Porto Alegre com um mecanismo
que ele usará no interesse do bem comum e dentro da sua competência pelo seu
órgão competente, que é o Executivo Municipal, que vai autorizar ou não, vai
analisar e, depois de analisado, autorizar o comodato e concordar em fazer a
concessão da isenção do tributo pelo período em que a comunidade ficar
utilizando aquela área, área essa que ao Executivo competia a tarefa de
oferecer à Cidade, e que não oferece porque não tem recursos. Em determinados
momentos, ao invés de forçar a construção e aumentar a densificação de uma
área, é mais conveniente para o Município estimular pela isenção o
proprietário, colocar à disposição da Cidade, dos desportistas, das crianças e
adolescentes, de todos os que querem ter lazer em uma Cidade e querem ter uma
boa qualidade de vida um estímulo para que proceda dessa forma. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sobre
o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol que dispõe sobre a destinação de terrenos
não-edificados no Município de Porto Alegre e dá outras providências muito se
disse nesta manhã quanto à legalidade ou não do mesmo. Quero discutir a questão
do mérito. A Constituição de 1988 assegura a todo e qualquer cidadão o direito
ao lazer. O lazer está consignado dentro do direito de todas as pessoas do
nosso País. Sabe-se hoje que cada vez mais estamos com carência de locais para
atuar na área do lazer, na área do desporto e na área de recreação. O ser
humano é um ser excessivamente comunitário, ele não nasceu para viver só, ele
precisa de grupo e este é um fenômeno social. Hoje, as pessoas com poder
aquisitivo maior conseguem se associar num clube esportivo e ter boas condições
para o seu lazer. Infelizmente, não é o que acontece com a grande maioria da
população, não só da nossa Cidade, mas do nosso País que não tem, ainda, a sua
moradia, mas que, através de um projeto simples, pode obter, pelo menos, o seu
lazer.
Eu
aprendi, há muitos anos, que um negócio para ser bom tem que ser bom para todas
as partes, senão é um processo unilateral. Este Projeto, como está sendo
proposto, onde um triângulo, com as três partes, dando o seu “Ok”, será efetivado.
Ou seja, quando a comunidade, que é a maior interessada, manifesta o seu desejo
de usufruir aquele local para consignar um local para a prática de lazer,
desporto e recreação; quando o proprietário concordar em ceder aquele espaço,
mesmo que temporariamente, através de um contrato, para que a comunidade possa
usufruir; quando o Executivo, que é a terceira ponta, também concordar - e o
Executivo está a serviço do bem estar da população - quando estes três
segmentos concordarem, tem que ser executado. Se a população, que é a maior
beneficiária concorda, o proprietário concorda - e tem algumas ressalvas quanto
à questão da tributação - e se o Executivo também entender que é pertinente,
por que não executar em determinado local uma praça de esporte ou áreas para
lazer?
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Carlos Garcia, V. Exa. não acha que esta iniciativa benemérita
do proprietário não poder-se-ia estabelecer tranqüilamente entre ele e a
comunidade?
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Poderia, só que contempla, também, a
questão do Executivo, porque vai dar o aval do poder público. Eu volto a
perguntar, Ver. Guilherme Barbosa, estamos aqui a serviço de quem? Se não
trabalharmos para as comunidades, fica difícil. É por isso que digo que o
Executivo não pode ser omisso, ele vai dizer sim ou não. Claro que, muitas
vezes, o não a comunidade não aceita. Mas sabemos que vivemos no nosso
dia-a-dia com o contraditório. Quem trabalha com política sabe que vive com o
contraditório, que não consegue contentar a todos e o que queremos aqui é
contentar a maioria e que essa maioria, no meu entender, seja alicerçada nas
minorias, porque as minorias são a grande maioria da população do nosso Estado.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para
discutir o PLCL nº 19/97.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou
comedido aqui nas falas, mas ouvindo tantos Vereadores e me inspirando um pouco
nas falas, vou usar o tempo para também discutir o Projeto. Na verdade, está
visível para este Plenário que estamos, aqui, discutindo dois temas que,
segundo a idéia do Ver. Reginaldo Pujol, é possível compatibilizar. A nossa
Bancada, até o presente momento, tem-se convencido do contrário, ou seja, é
impossível, é incompatível nos termos propostos pelo Ver. Reginaldo Pujol,
compatibilizar isenção, no caso do Imposto Predial e Territorial Urbano, que
tem uma natureza, uma especificidade, com a questão do lazer, que é absolutamente
legítima, pertinente e já há outras iniciativas neste Legislativo que também
pretendo mencionar. Se o assunto é a questão da isenção sobre o IPTU de Porto
Alegre, temos, necessariamente, que nos valer da legislação e da base legal que
existe no Município sobre o assunto. Ou nós fazemos isso ou desconhecemos
aquilo que existe como lei e como estatuto jurídico, como preceito jurídico já
constituído, consolidado e é o que está vigendo. O que está vigendo no
Município de Porto Alegre é uma compreensão aprovada por esta Câmara em 1988
quando da reforma da Lei Orgânica do Município a partir da Constituição Federal
de 1988. Vou apenas reconstituir a memória daquilo que está vigendo e que o
Ver. Reginaldo Pujol quer, através do seu Projeto, na minha opinião, desconhecer
e, na minha opinião, aí, ao fazer esse desconhecimento, ele incorre no problema
da legalidade.
A
Lei Orgânica de Porto Alegre, no Título 5º, que trata do Desenvolvimento Urbano
e do Meio Ambiente, no art. 201, diz: (Lê): “... no que tange à política e
reforma urbana, o Município, através dos Poderes Executivo e Legislativo,
promoverá o desenvolvimento urbano (...)”. Este conceito que está aqui
explicitado e que, embora exista polêmica no terreno legal, jurídico e com
ações de outra demandas, ainda não foi extinto, está vigendo, que é o parágrafo
2º. (Lê): “A função social da cidade é compreendida como direito de acesso de
todo o cidadão às condições básicas de vida.” O parágrafo 3º diz: (Lê): “O
desenvolvimento urbano consubstancia em ordenar o uso e a ocupação do solo do
Município em consonância com a função social da propriedade e promover a
democratização da ocupação do uso e posse do solo urbano.” No art. 202 diz
quais são os instrumentos desse desenvolvimento urbano e no 203 e 204 estendem
mais detalhadamente como se opera esse mecanismo, sendo que o 204, - aqui
fechamos o raciocínio sobre a legalidade, - diz: (Lê): “Para fins previstos no
artigo anterior, 203 da Lei Orgânica, o município usará os seguintes
instrumentos: inc. I, tributários e financeiros, letra ‘a’: Imposto Territorial
Urbano Progressivo.”
Então,
na minha opinião, essa é a primeira dificuldade do Projeto de Lei do Ver.
Reginaldo Pujol. Pela Lei Orgânica do Município de Porto Alegre é impraticável
este Projeto de Lei, porque o Ver. Reginaldo Pujol propõe que se desconheça
esses regramentos contidos na Lei Orgânica. Eu sei que há Vereadores que são
contra. O Ver. João Dib e a sua Bancada, por exemplo, têm sido coerentes com a
pressão desde a votação da Lei Orgânica e permanece, até hoje, contrário a esse
regramento. Portanto, este Projeto desconhece a existência desses conceitos.
Por exemplo, primeiro: a função social da propriedade; segundo: do imposto
territorial e predial progressivo com mecanismo de democratização do uso do
solo urbano da Cidade de Porto Alegre. Portanto, desconhecendo isso, na minha
opinião, desconhece todo esse capítulo da Lei Orgânica que trata do
desenvolvimento urbano. Se não o desconhecesse, pelo menos na Exposição de
Motivos o Vereador poderia ter a humildade de se referir a isso, e ao não se
referir desconhece a lei e ao desconhecer a lei, evidentemente, que fica
passivo, portanto, do rigor ou do raciocínio que tenta apanhar o conjunto do
problema.
Não
vou nem tentar me valer do que diz a Auditoria da Casa. Não é necessário
chegarmos lá. Para mim é completamente impraticável nós legislarmos, Ver.
Reginaldo Pujol, com toda a consideração que tenho por V. Exa., legislarmos
sobre o tema IPTU no que diz respeito à isenção, desconhecendo esse capítulo
que a nossa Lei Orgânica consolidou ao longo desses anos.
Segundo
aspecto: o direito ao lazer. Não existe nenhum Vereador neste Plenário que seja
contra isso. Agora, parece que há vários Vereadores que se manifestaram,
inclusive, como forma de justificar o apoio ao Projeto de V. Exa., como o Ver.
Fernando Záchia.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini inscreve-se e cede o
tempo ao Ver. João Motta, com a concordância da Vera. Helena Bonumá.
O SR. JOÃO MOTTA: Eu não tenho nenhuma dúvida de que o
encaminhamento dado pela Liderança de nossa Bancada é o mais correto. Se os
Vereadores querem agendar o tema lazer vamos ter que, reconstituindo a memória
desta Câmara, resgatar o Projeto do Ver. João Bosco de anos atrás que ainda
permanece em branco. Quero me juntar à fala do Ver. Guilherme Barbosa sobre
constituir, de fato, algum tipo de pressão ou encaminhamento ou negociação com
o Executivo Municipal para que seja cumprida essa Lei.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador João Motta, sem descurar da necessidade de ser
implementada a Lei, cujo Projeto foi aprovado, de autoria do Ver. João Bosco, e
que diz respeito aos terrenos públicos, quero salientar a V. Exa. que a análise
da construção com relação a esse tema e da própria Lei Orgânica não pode ser
isolada, porque o lazer é um direito amplamente reconhecido na Constituição
Brasileira, que inclui no artigo 6º, na abertura do capítulo do Direito Social,
como Direito Social a educação, a saúde, o trabalho, o lazer. E quando fala até
mesmo no item 4º do artigo 7º sobre o salário-mínimo, fixado em lei,
nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas,
e as de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde e lazer. O lazer
hoje é uma necessidade, é uma prerrogativa, é um direito reconhecido em
qualquer lugar do mundo. O que nós estamos pretendendo fazer aqui em Porto
Alegre, se conseguirmos fazer, é feito em todo o lugar do mundo, em Nova
Iorque, em Londres, em Paris, nas grandes capitais, uma parceria entre a livre
iniciativa, comunidade e o Poder Público.
O SR. JOÃO MOTTA: Eu concordo com o argumento em si,
Vereador. Agora, o problema é que Porto Alegre, diferentemente de Nova Iorque,
Londres e de outras capitais tem uma Lei Orgânica que diz que é impossível se
fazer qualquer tipo de discussão sobre o solo urbano sem se incluir aqui no
meio a discussão sobre a função social da Cidade. Não há como fazer isto.
Talvez as outras cidades não tenham esta legislação, nós aqui temos. E ao se
incluir esta discussão sobre a função social da Cidade, Ver. Pujol, vou,
inclusive, ajudar o seu argumento lendo mais um inciso do artigo 201, no
parágrafo 3º, que diz: “ a função social da propriedade se constitui não só
através do ordenamento do uso e ocupação do solo, que é onde entra o IPTU, e o
parágrafo 2º, no inciso IX, também diz: “ promover a criação de espaços
públicos para a realização cultural coletiva”, onde nós aqui poderemos incluir
o lazer. Não há problema nenhum. Não concordo com esta leitura fragmentada que
V. Exa. faz a respeito do melhor tratamento a ser dado sobre a questão do IPTU,
ou seja, discutir IPTU em Porto Alegre, sem discutir a função social da Cidade,
na minha opinião é uma ilegalidade, porque afronta o conceito contido na Lei
Orgânica Municipal de Porto Alegre. Portanto, nós temos que definir sobre isto,
e ao definir sobre isto, eu sugiro que nós também incorporemos a discussão a
respeito dessa Lei já existente no Município e, até então, pelo menos, segundo
o seu autor, não-cumprida, sobre a questão da melhor forma de ocuparmos os
espaços vazios de propriedade do Município nessa área do lazer. Eu acho que se
nós não conhecermos esse dispositivo contido na Lei Orgânica sobre a questão da
função social da Cidade, na minha opinião, torna-se impossível discutirmos
corretamente essa questão da legislação tributária. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Verle solicita licença para
tratamento de assuntos particulares no dia de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. João Verle e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLCL nº 11/97.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Quando o Ver. João Motta diz que o Projeto não tem o debate sobre a propriedade
e seu efeito social na Cidade de Porto Alegre, desconhece que, nos primórdios
da II Monarquia Brasileira, José Bonifácio já dizia que a propriedade só se
justifica pela sua função social. Desde então, os espaços urbanos são
absolutamente ociosos e, muitas vezes, constrangedoramente inadequados, a
exemplo da subida da Av. Salvador França, à esquerda, onde há quase 30 anos
vemos uma imensa área de terra totalmente desocupada, sem uso, sem ser praça e
sem ser nada, em função da legislação que faz com que muitas vezes as
comunidades não usufruam dos espaços urbanos.
Esse
acendrado amor à lei não é o mesmo amor à lei que existe quando, Ver. João Dib,
se coloca um Projeto do parque de eventos no Parque Marinha do Brasil; quando a
lei diz textualmente que é proibido fazer isso e a Prefeitura insiste nisso.
Então, quando o Vereador faz este tipo de Projeto, substituindo, inclusive, a
função que deveria partir do Paço Municipal, de provimento de necessidades
sociais, inclusive de creches, de lazer, na sociedade, temos que pensar. Hoje,
na sociedade moderna, é absolutamente indispensável, é necessidade básica, é
necessidade primária, nós irmos em busca do texto legal para, na sua
entrelinha, interpretar que não poderia ocorrer porque o sentido da propriedade
deve ser discutido filosoficamente, para, depois, então, chegarmos a conclusão
de que não podemos fazer as coisas. Ora esse acendrado amor à lei de um lado é
importante e de outro não.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, realmente, eu acho que vou ter o Ver. João Motta
como companheiro na luta contra o desrespeito à lei, por parte do Prefeito
Municipal, quando ele manda alguém responder pela Direção-Geral do DMAE sem ter
condições para tanto. E mais afrontosamente, estando ele lá, ilegalmente
respondendo, o Prefeito manda um Projeto de Lei, e traz em mãos, para
regularizar a situação daquele indivíduo que lá está. Eu vou querer o Ver. João
Motta com o mesmo espírito legalista que ele está defendendo - mas sem razão
nenhuma hoje -, para o caso do Diretor-Geral do DMAE.
O SR. CLÁUDIO SEBENELLO: Os próprios juizes, Ver. João Dib, em
parecer, julgando matérias como, por exemplo, aquela matéria do Dias da Cruz,
diziam que esse processo não deveria partir do Judiciário, deveria apenas haver
o bom senso do Executivo e resolver esse tipo de situação mesmo dando maior
elasticidade à interpretação da lei, quando ele poderia perfeitamente resolver.
Esse é o parecer de um juiz, na última instância de um processo onde o Albergue
Dias da Cruz perderia o direito ao terreno porque alugava uma parte para
sustentar as suas necessidades básicas, inclusive, a folha de pagamento da
creche e da escola primária que lá existe. Pois, exatamente nesse espírito da
lei o próprio juiz dizia que poderia estar resolvido esse problema apenas se o
Prefeito tivesse a compreensão, a visão social e o bom senso de saber que não
pode retirar uma instituição que faz, que concede tantas benesses sociais por
um detalhe da lei que, muitas vezes, passa despercebido, que muitas vezes não
ofende e inclusive não implica lesão ao interesse das comunidades. Muito ao
contrário, é a comunidade que tem que se beneficiar desses terrenos que estão
inativos. É a comunidade que tem, inclusive, entrando muitas vezes no concurso
da construção dessas instituições de creches e de áreas de lazer, fazer com que
essas áreas possam ser aproveitadas no usufruto de um grande número de pessoas,
ao invés de áreas paradas, áreas de depósito de lixo, áreas que são verdadeiras
fontes de infecção de doenças que estão lá e que podem ser saneadas e usadas
para o lazer de toda uma sociedade, de toda uma comunidade. Ora, esse apego à
lei certamente vai ao encontro dessa fúria fiscal que seria não abrir mão de
meia dúzia de terrenos na Cidade de Porto Alegre porque perderia o IPTU. Ora,
essa discussão está muito abaixo de um problema importante como é o problema da
satisfação das necessidades básicas de uma população, entre elas o lazer.
Parabéns ao Ver. Reginaldo Pujol pelo mérito do Projeto e pela importância
social da sua proposta. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Constatada a inexistência de quórum,
encerramos a presente Sessão e convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, no horário regimental.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 12h33min.)
* * * * *